Cicloturismo: Um pedal de gente grande com o filhote pela cidade de Socorro-SP

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Cicloturismo: Um pedal de gente grande com o filhote pela cidade de Socorro-SP

Com a tranquilidade daqueles que ainda não sabem onde estão se metendo, me deu um quase adolescente joinha com a mão, sem tirar o olho da tela e selou o destino da manhã seguinte

Ricardo Gaspar
30 de agosto de 2016
Tempo aproximado de leitura: 3 minutos

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Era uma vez uma amiga digital, que sempre postava lindas fotos da trilha que fazia há anos. Na inquietação de uma sexta a noite, olhei para o sofá, onde meu companheiro jogava Pokemon com os fones de ouvido e achei que era hora de conhecer tudo mais de perto.

Perguntei para o meu filho de 11 anos se não queria me acompanhar, e se fosse o caso dormir na cidade. Na verdade a proposta do hotel era a isca para ele aceitar a aventura recém proposta.

Com a tranquilidade daqueles que ainda não sabem onde estão se metendo, me deu um quase adolescente joinha com a mão, sem tirar o olho da tela e selou o destino da manhã seguinte. Eu com o coração pulando por dentro, mantive a placidez.

Sábado cedo, malas prontas, prepara bicicleta, itens de segurança e os recados de cuidado com o sol; partimos para os 140 km que nos distanciavam do nosso local de início indicados pelo GPS, aliás tenho tanto medo de me perder (que é normal), que uso um oficial, um de back up e o santo Waze em caso de desespero.

Chegamos a cidade. Meu filho é louco pelos portais; fica indignado que a terceira maior cidade do mundo, São Paulo, não tenha um condizente com sua importância. -Prometeu que o fará quando for Presidente.- Fizemos nossa tradicional foto de chegada e seguimos para o Hotel Vergani que seria testemunha da nossa primeira pedalada desbravadora e do meu esquecimento de passar o recomendado protetor solar.

Os primeiros 7km são de asfalto, passando pelo centro da cidade, até cruzarmos uma rodovia e termos os primeiros vestígios de terra e árvores, eu prestando atenção no caminho e nos braços do meu filho ficando vermelho e na bronca merecida que levaria. Pegamos um trecho bem gostoso até chegar novamente ao asfalto e as placas “Mirante” começarem a aparecer, -essa palavra indica que teremos muita subida-.

Posso te dizer que foi umas das subidas mais duras que já fiz, na verdade ‘fiz’ não é o correto, empurrei as duas bicicletas enquanto andávamos e parávamos nas poucas sombras para respirar um pouco de coragem. Recebi alguns pedidos de vamos voltar, mas a lição do dia era mostrar o que existe além do desistir, e seguimos até o topo.

Chegando ao Mirante da Pedra Bela Vista, quase um oásis, sentamos. Pedi 4 litros de água, a extrema unção e finalmente entendi o porque da cidade chamar SOCORRO.

Socorro faz parte do circuito das águas paulista, tem próximo de 40.000 habitantes e é cortada em toda extensão pelo Rio do Peixe, onde você encontra diversas opções de pousadas e empresas de esportes de aventura.

Ficamos sentados apreciando o visual espetacular e fui informado que ao pôr do sol eles fazem ali um pão assado na fogueira enquanto contemplam o fim do dia. Hidratamos e comemos uma massa e fizemos a pergunta tradicional de quem subiu demais, “Até a cidade é tranquilo? “, olhando Socorro lá embaixo recebemos a resposta que era só soltar o freio, partimos e com menos de 1km já tinha outra subidinha, se eu tivesse força voltava para questionar.

A parte final optamos pelo asfalto devido ao cansaço do pequeno, e completamos os 29 km com 2h30 de pedal e quase 5 horas de tempo total. Comemoramos o feito e decididos que merecíamos um hotel com piscina para passar o resto da tarde.

O local merece um final de semana inteiro. Tem a Gruta do Anjo, onde é possível passar de pedalinho por uma antiga mina; a cachoeira do Hotel Recanto das Cachoeiras, Rafting Kango Jango, uma tirolesa de 2 km; Parque Ecológico Monjolinho. Vale também só pelo descanso.

A gastronomia também é interessante, tem o famoso Quintal do Italiano que faz um Burger de Costela, o Pennynsula em frente a cachoeira aos que gostam de frutos do mar e o Bar do Jota para um chopp na caneca em frente à igreja matriz.

Meu prêmio foi ouvir que havia sido o lugar mais lindo que ele havia visto, entendendo que as vezes vale muito ir um pouco além. Está certo que pediu uma sopa no jantar com preguiça de mastigar e dormiu as 18:55.

Agora é esperar a vontade dele de ir para a próxima.

Ricardo Gaspar

Gerencia a One Bike Hub e a Velo Vert, empresas de promoção do ciclismo através de ciclo experiências. Ricardo é leitor do Bike é Legal e colabora com o portal enviando matérias especiais sobre provas de ciclismo e passeios de cicloturismo.