Pelas estradas do Brasil… de bike!
Felipe Baenninguer conta como tem sido a experiência alucinante de pedalar nas rodovias do país, em meio ao trânsito carregado que corta cruelmente as cidadezinhas e comunidades do interior.
Todos nós sabemos que o Brasil escolheu um modelo rodoviarista de desenvolvimento e optou por facilitar a vida dos veículos motorizados no acesso – quase total e irrestrito – ao país. Indo na “contramão” dessa ordem, alguns aventureiros ainda preferem pegar suas bicicletas e encarar as estradas brasileiras com seus veículos leves, simples, silenciosos e movidos a arroz e feijão.
Há pouco mais de 3 meses na estrada, o fotógrafo Felipe Baenninguer conta como tem sido a experiência alucinante de pedalar nas rodovias do país, em meio ao trânsito carregado que corta cruelmente as cidadezinhas e comunidades do interior, descaracterizando paisagens e, muitas vezes, levando vidas junto.
“Eu já pedalei até agora cerca de 1700km e passei por 4 estados: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo. Nas estradas, a presença de ciclistas varia bastante, mas em todos os caminhos que percorri encontrei sonhadores atravessando cidades inteiras com suas bicicletas. Também encontrei pessoas humildes que moram na zona rural e trabalham em chácaras ou com construção civil ao longo da rodovia, ou seja, para eles a bicicleta é a ÚNICA saída de transporte autônomo, fluido e barato que consegue chegar em lugares quase inacessíveis”, disse Baenninger.

Sr. Marcelino Antonio Dantas, morador de Guapiara no interior de SP. | www.projetotransite.com.br / © Felipe Baenninger/Projeto Transite
Felipe está viajando pelo Brasil atrás de histórias instigantes sobre brasileiros que pedalam por aí. O Projeto Transite é uma expedição fotográfica que tem como objetivo produzir um fotolivro mostrando quem são e onde estão esses guerreiros do asfalto.
A jornada – que teve financiamento coletivo via crowdfunding – tem o total de mais de 17 mil quilômetros e deve terminar no dia 01/08/2014 em Belém do Pará.
“O perfil das pessoas que encontro no caminho é do cara usando a bicicleta da maneira mais simples, sem capacete, sem luzes e, muitas vezes, até sem freios! O importante para essas pessoas é chegar no destino. Elas não ficam se perguntando muito sobre se devem ou não usar a bike, elas acordam, pegam a bicicleta e vão, simples assim”, conta Baenninger.
Este é o caso do caso do senhor Marcelino Antonio Dantas (foto), morador do bairro de Capinzal em Guapiara, interior de São Paulo, que trabalha em uma construção onde ônibus não chega. “O que sempre me impressiona também é a fidelidade que esses caras têm com a sua bicicleta. O Sr Marcelino, por exemplo, tem a mesma magrela há 15 anos, isso é muito interessante e raro de encontrar hoje em dia”.
Sobre a experiência de pedalar em rodovias, surpreendentemente, Felipe considera ter sido mais tranquila e gratificante do que pedalar na cidade. “Os motoristas só querem passar e quando há espaço ultrapassam com muita segurança. Os caminhoneiros são verdadeiros parceiros (sempre tem exceções, claro), mas na maioria dos casos eles respeitam e até buzinam amigavelmente – mesmo sem perceber que quase caio da bicicleta a cada buzinada estrondosa. No fim, acho que eles sim sabem o que é viver na estrada”, revelou.
Cicloviajar é dessas experiências que todo mundo deveria fazer, pelo menos, uma vez na vida. Talvez seja a situação mais emblemática para se perceber que muitas vezes o caminho é mais interessante do que o destino final.
Todos os dias deixamos passar os detalhes da nossa cidade, do trajeto, da rua, das superações e ensinamentos diante da imensidão desse mundão.
Que tal fazer dos seus pequenos caminhos diários uma deliciosa cicloviagem urbana?? Experimente! Bike é muito Legal 😉