Óbitos no trânsito de SP têm baixa, mas número de ciclistas mortos cresce 17,8%
O aumento nas rodovias do estado é ainda mais assustador, sendo de 50%.
Mês a mês, a plataforma pública Infosiga registra e gera gráficos dos óbitos por acidente de trânsito no Estado de São Paulo. Na última atualização feita nessa quinta-feira (19), o primeiro trimestre de 2018 se mostrou ainda mais sangrento que os três primeiros meses de 2017, quanto aos ciclistas vitimados.
Oitenta e seis ciclistas foram mortos em todo o estado, confirmando um aumento de 17,8% em comparação aos 73 ciclistas assassinados no 1º trimestre do ano passado. O aumento nas rodovias do estado é ainda mais assustador, sendo de 50%. No perímetro urbano, o número de óbitos de ciclistas aumentou de 45 para 48 no mesmo período.
Outro dado que chama atenção nos gráficos do Infosiga é a porcentagem de homens mortos nesses incidentes. Mais de 90% dos ciclistas vitimados em todo o estado de São Paulo são do sexo masculino. Leia matéria especial do Bike é Legal com a análise deste cenário.
Do total de óbitos computados, mais de 62% se deram depois do encaminhamento da vítima para o hospital. Segundo o Ministério da Saúde, só em 2016, a média de ciclistas internados por dia em decorrência de incidentes de trânsito ficou na casa dos trinta e dois.
Desde o programa CicloviaSP, as contagens da Associação dos Ciclistas Urbanos de São Paulo vêm registrando expressivos aumentos de pessoas se deslocando em bicicleta em diferentes regiões da cidade de São Paulo. E apesar da baixa de 26% no número de ciclistas mortos na Grande São Paulo no primeiro trimestre de 2018, em comparação com o mesmo período do ano passado – bem como em comparação com os primeiros três meses de 2016 e 2015 -, o ano de 2017 teve expressivo aumento de óbitos de ciclistas nos meses seguinte.
Para Aline Cavalcante, Diretora Geral da Ciclocidade, o aumento na morte de ciclistas não pode ser vinculado ao aumento no número de usuários de bicicleta. “Mundialmente, o que vemos é a lógica inversa: quanto mais ciclistas nas ruas, menos óbitos dos mesmos. O aumento das mortes de ciclistas no Estado de São Paulo como um todo, sobretudo em rodovias, escancara a falta de fiscalização e o descaso do poder público para com os usuários desse modal”, comenta Aline lembrando o caso da Descida para Santos desse ano, reprimida pela Policia Militar à pedido da Concessionária Ecovias.
Com relação aos óbitos em geral no Estado de São Paulo, houve queda de 7,1%, passando de 1.298 no primeiro trismestre de 2017 para 1.206 no mesmo período deste ano. Na capital paulista, a redução foi de 10,2%; até março de 2018, foram 403 pessoas mortas no trânsito de São Paulo.