Superação, Adaptação e Força de Vontade: isso define Douglas Rodrigues
Cumpre informar ainda, que o atleta além de ter passado setenta e oito dias hospitalizado, teve várias complicações, dentre elas, feridas no corpo. Estas demandaram cerca de um ano para serem tratadas
Você já tentou superar algum limite? Ou se conformou em não enfrentá-lo? Eu conheci pessoas que transformaram seus relativos limites, em verdadeiras oportunidades, graças aos esportes adaptados! Dentre eles, o ciclismo por meio da Handbike!
Douglas Rodrigues
“Não existe barreiras quando você tem um sonho e acredita nele. Eu tenho um sonho e acredito nele plenamente”. Dessa maneira, Douglas iniciou sua história. Antes do acidente, ele era uma pessoa cem por cento ativa. Trabalhava como vendedor, fazia faculdade de Marketing e treinava na academia Jiu-Jitsu. Em suma: o sangue de atleta já corria nas veias dele. Naquela ocasião, seu sonho era se tornar um atleta de fisiculturismo. Contudo, aconteceu algo inusitado. No dia 12 de junho de 2012, Douglas ficou tetraplégico após um mergulho mal sucedido numa lagoa rasa. Já hospitalizado, começou a luta pra salvarem sua vida. Ficou vinte e nove dias na UTI e mais quarenta e nove dias internado. Até então, o jovem achava que ficaria só mais alguns dias ali, e que voltaria à vida rotineira, mas então, veio a notícia: ” (…)Pois é menino, agora que você nunca mais vai andar, vou te passar algumas recomendações”, informou o médico ao rapaz. Douglas descreveu o momento: “Um choque forte, meu olhar estralado, um aperto no peito e as lágrimas tomaram conta de mim. Mas após cinco dias triste e inconformado, pensei sozinho: jamais vou me entregar! Vou voltar a correr atrás dos meus sonhos”.
Cumpre informar ainda, que o atleta além de ter passado setenta e oito dias hospitalizado, teve várias complicações, dentre elas, feridas no corpo. Estas demandaram cerca de um ano para serem tratadas.
Após os momentos mais delicados, buscou esportes para se reabilitar. Foi aí que se deparou com o paratleta e tetracampeão mundial de caiaque, Fernando Fernandes. Douglas disse que pensou: “Se ele pode, por que eu também não posso?” E completou: “Só que eu teria que fazer de forma diferente e usar a criatividade para me adaptar a um caiaque. Fernando Fernandes é paraplégico e tem menos limitações que a minha lesão de tetraplegia. (Tetraplegia é a perda de força e sensibilidade nas pernas, tronco e braços). Mas, isso também não foi motivo pra me fazer desistir. Comecei a buscar meu novo sonho, que era estar em um caiaque dentro da água.”
Posteriormente, ele acabou descobrindo o paraciclismo. “Hoje eu faço duas horas de fisioterapia todo santo dia, vou à academia, faço a paracanoagem e o paraciclismo! Treino cinco vezes na semana o paraciclismo e duas vezes na semana a paracoagem”.
Douglas considera um marco pessoal sua minha primeira corrida de handbike, ocorrida em Brasília na Copa Brasil de Paraciclismo. “Tenho certeza que o meu sonho é igual dos outros hanbikers do Brasil, participar das Paralimpíadas.” enfatizou.
Para o atleta, as dificuldades do esporte envolvem a busca por um patrocinador, a falta de mais ciclovias, além da ausência de grande apoio governamental. Porém, mesmo com essas carências, ele enxerga um grande futuro para os handbikers no Brasil.
No que tange ao tema acessibilidade, Douglas desabafa: “O Brasil está totalmente despreparado em relação à acessibilidade. Com tantos deficientes físicos, o País não consegue ter nenhuma visão de acessibilidade. É Triste!”
Diante de seu descontentamento, ele sugeriu uma série de mudanças não só para cadeirantes, mas também para as pessoas que apresentam outros tipos de deficiência física. Citarei alguns listados: ampliação da frota de veículos especializados para o transporte público de pessoas com deficiência, instalação de aviso sonoro nos semáforos para a travessia dos deficientes visuais; contratação de profissionais qualificados e especializados para o atendimento de pessoas portadoras de deficiência; etc.
Confira as outras histórias de superação da série de Daniel Ayala!