Bikes Open Source
Você já se perguntou se existem outras iniciativas de desenvolvimento de bicicletas, além das industrializadas? Sim as alternativas são várias, entre elas as magrelas open source.
No dia 5 de outubro de 1991, Linus Torvalds anunciou a primeira versão pública do sistema operacional Linux; considerado por muitos o pioneiro da chamada “cultura open source”, com seu código aberto para ser desenvolvido, utilizado e distribuído livremente por qualquer pessoa.
Com a ajuda de vários colaboradores o Linux, possui atualmente compatibilidade com diversos programas e ferramentas também open source; que em alguns casos competem diretamente com as plataformas Windows e MacOS. Existem várias versões, para qualquer que seja o equipamento ou sistema operacional usado nativamente, como versões para: PC (Windows), Mac (MacOS), celurares e tablets (Android, Windows, MacOS); existem inclusive equipamentos especialmente projetados para o uso exclusivo do Linux.
Essa “cultura do código aberto” ultrapassou a barreira dos programas para computador e começou a influenciar outras áreas. A noção de desenvolvimento em rede, influenciou ideias como: a internet, as redes sociais, movimentos como o financiamento coletivo, a permacultura e finalmente equipamentos propriamente ditos (open hardwares).
Assim como o Linux, a bicicleta possui uma vasta história quando o assunto é código aberto, com muitos colaboradores, versões e compatibilidades. A bicicleta tem sido desenvolvida por um número crescente de ciclistas, e em alguns casos, estes novos projetos acabam sendo compartilhados e replicados de forma caseira.
Um bom exemplo de “open hardware” é o caso dos tratores caseiros e outros equipamentos agrícolas com base em projetos open source, que se mostraram bastante úteis e funcionais. Além de baratear a produção, o agricultor tem a possibilidade de personalizar os equipamentos e quem sabe ajudar a aprimorar o projeto original, resultando na maioria dos casos em um produto com maior durabilidade, por burlar a obsolescência programada; com maior funcionalidade, por sempre estar em desenvolvimento, com cada vez mais adeptos e desenvolvedores; mais sustentável, utilizando energias limpas, com poucas, ou nenhuma emissão poluente.
Ao longo da história a bicicleta passou de um simples meio de transporte, para uma ferramenta de aprimoramento físico e mental, com versões para lazer, passeio, viagem, corrida, manobras; com vários tipos de pneus, guidões, quadros, aros, freios, marchas, pedais, etc. As bikes personalizadas, montadas de acordo com o cliente, tem sido uma boa solução para os amantes do pedal que possuem desejos mais específicos; mas as magrelas open source tem se mostrado outra boa opção para essa turma.

Um dos projetos open source do portal Open Source Ecology, para um gerador. / © Divulgação
Com este trunfo que faz do usuário um desenvolvedor em potencial, a “cultura do código aberto” pode ser uma ótima alternativa para quase todos os equipamentos que permeiam nossa realidade capitalista industrial. O portal Open Source Ecology possui várias seções interessantes nesse aspecto, com menção especial para o tópico de energias, no qual é possível encontrar praticamente todas as formas conhecidas para a produção de energia e seus respectivos projetos open source disponíveis.
Outro exemplo de como a “cultura do código aberto” pode ser uma boa alternativa para produtos industrializados é um projeto de celular em blocos, do portal de financiamento coletivo Quickstarter, chamado de Phonebloks.
Como as bicicletas de bambu(*1), ou as de sanduíche de madeira (“Sandwichbike”), já apresentadas em nosso site; alguns projetos de bikes podem ser construídos com um custo bem acessível, utilizando matéria prima de qualidade e durabilidade até maior que as comumente utilizadas nas magrelas industrializadas; além de permitir uma manutenção mais acessível, também facilita transportes e remontagens se necessário.

Bicicleta é de bambu por www.bambucicletas.com, retirada da galeria Bicicletas do Brasil sob o olhar de Alexandre Cappi / © Alexandre Cappi/brstock
Ainda com a eterna evolução das bikes, vemos surgindo novas formas de amortecer e estabilizar nos impactos (*2), com designs que substituem os aros, ou mesmo o próprio pneu; bem como as dobráveis, as compartilhadas, as amigas… Seguem os links das reportagens do Bike é Legal que foram relacionadas nesta matéria:
*1 – Foto retirada da galeria: Bicicletas do Brasil Sobre o olhar de Alexandre Cappi
*2 – Roda com suspensão embutida deve ser lançada no final de 2014
Existem diversos projetos open source para bicicletas, que são disponibilizados e desenvolvidos juntamente com os usuários, porém a maioria deles é internacional. Por aqui temos a felicidade de possuir um grupo nacional engajado em desenvolver as versões open source para as duas rodas. Organizado pelo portal Pedro Terra LAB, em seu projeto Bike de Quinta, com encontros semanais para desenvolver as magrelas, que tem seus projetos compartilhados. Contando com a parceria com o Garagem Fab Lab, a iniciativa possui atualmente dois projetos que estão em desenvolvimento: a Bike Paramétrica e a Bike DIY.

Foto do projeto chamado de Bicicleta Paramétrica / © Divulgação
Além deste exemplo, temos também a experiência gringa intitulada Open Bike Initiative, uma iniciativa com o objetivo de “desenhar”(design), desenvolver, pilotar e disseminar um modelo de magrela compartilhada baseada na “cultura do equipamento aberto” (open hardware) e na cultura do código aberto. O projeto de uma bicicleta que incorpora o GPS dos celulares com um programa (software) de código aberto para compartilhar as magrelas, que também serão de código aberto; formando uma rede de ciclistas que compartilham das mesmas bicicletas. A iniciativa além de implementar o projeto em uma pequena escala, também pretende distribuir os resultados com outro programa (software) de código aberto, com dados sobre o balanceamento, a manutenção, a participação dos administradores, os serviços de wi-fi (wireless)… Projeto que se bem sucedido pode providenciar um novo modelo de sistema de bicicletas compartilhadas.

Foto do projeto chamado Open Bike Initiative / © Divulgação
Fica ainda a menção para os mapas open source que ajudam ciclistas através do mundo a se acharem em seus caminhos e movimentos por uma qualidade de vida melhor.
Agradecimentos especiais para Lemuel Santos Rex por me ajudar, co-escrevendo esta matéria.
Respeite a Bike.