SP vive o tempo da bicicleta
Na tarde do último dia 07 de agosto, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, se reuniu com ciclistas e cicloativistas para, mais do que tudo, ouvir que tínhamos a falar.
Na tarde do último dia 07 de agosto, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, equipe de secretários (inclusive Jilmar Tatto dos Transportes), representantes da CET/SP e assessores se reuniram com ciclistas e cicloativistas para, mais do que tudo, ouvir que tínhamos a falar.
Veja a cobertura feita pelo Bike é Legal
A pauta da reunião era um balanço do que vem sido feito-a-toque-de-caixa na cidade e os próximos passos (leia mais no site da Prefeitura) rumo à política dos 400km de infraestrutura cicloviária até o final de 2016. “Críticas nós vamos receber, assim como recebemos com a implantação dos corredores de ônibus. A gente já esperava. Mas o que queremos é ouvir quem entende do assunto e acredita na mudança para tentar errar menos”, explicou Haddad no início da reunião, demonstrando que está firme em sua política de mobilidade.
Murilo Azevedo
Daniel Guth, diretor de Participação Pública da Associação dos Ciclistas Urbanos de São Paulo, começou as falas parabenizando essa gestão pela coragem em desafiar a estrutura [carrocrata] vigente. A Ciclocidade tem chamado encontros com ciclistas (associados ou não) para entender qual a postura deveria ser adotada e, apesar das críticas, até agora todos demonstraram que o momento é de apoio e construção coletiva.
“Ontem vimos um Prefeito mais maduro, pautando o interesse público e compreendendo profundamente o papel da bicicleta em São Paulo. Há 1 ano e meio encontramos um Haddad ainda cru, entendendo a cidade e como os desafios da mobilidade urbana são complexos” disse Guth.
Para a reunião com a figura máxima do executivo municipal, os ciclistas que se prepararam dias antes, numa mini-plenária, e guiaram a discussão a partir de dois grandes momentos:
1- uma avaliação sobre o que já está feito e
2- ações a serem realizadas com urgência em paralelo às mudanças viárias.
Cerca de 30 ciclistas participaram da reunião, o convite foi feito a partir de um mapeamento de pessoas que participam de entidades, grupos e iniciativas relacionadas ao tema; pessoas que foram a algum encontro municipal sobre mobilidade; e os que votaram no Conselho Municipal de Transporte e Trânsito. Esse mailing está crescendo – também por indicação dos próprios ciclistas – e a tendência é ser maior a cada encontro.
Guth fez uma breve apresentação das entidades ali presentes, demonstrando ao Prefeito a diversidade de atuações da ciclomobilidade em SP, contextualizou desde a primeira reunião (em março de 2013) até o momento atual, reforçou os avanços no Plano Diretor Estratégico e parabenizou pela campanha de comunicação realizada no início do ano.
Murilo Azevedo
Haddad (e seus secretários e assessores) ouviram tudo que foi falado por nós com muita atenção, tiraram dúvidas, pediram referências, anotavam novos dados e conceitos. Ficou muito claro o interesse em entender esse mundo e se envolver de verdade na “briga” pelo espaço público para pedestres e ciclistas.
Das propostas para o Plano de 400km ficou estabelecida a criação do “Comitê da Bicicleta”, que seria um grupo de acompanhamento dos projetos, para avaliar a qualidade das implantações, melhores trajetos e fazer articulação nos locais que receberam/ão ciclovias. A ideia é envolver mais ciclistas e tentar tornar o processo mais participativo possível, além de consolidar um correto fluxo de informações e antecipar diálogos comunitários.
As reuniões desse Comitê serão, provavelmente, mensais e o Prefeito se comprometeu a participar delas ao menos a cada três meses. “Compromisso de um encontro trimestral é importante, além do mensal já assumido pelo secretário Jilmar Tatto”, explicou Daniel Guth.
Os ciclistas se dividiram e defenderam os temas urgentes a serem encarados pela Prefeitura durante a instalação das ciclovias, são eles:
– Relação ônibus e bicicletas: Jilmar Tatto se comprometeu a chamar um diálogo com ciclistas e a SPTrans para entender o que pode ser feito no sentido de humanizar as relações
– Redução das velocidades: Foi explicado que todas as vias onde há implantação de infraestrutura cicloviária as ruas estão sendo, aos poucos, desaceleradas, com velocidades de 50km/h e zonas de 40km/h.
– Necessidade de uma nova campanha de comunicação com foco no respeito e na promoção do uso da bicicleta, para que as pessoas de apropriem desse espaço e disseminem as vantagens da bicicleta para a cidade
– Pontes e viadutos: todos entendem que é uma questão muito delicada, problema negligenciado por todos os gestores anteriores mas que, aos poucos, estão sendo estudadas soluções no sentido de garantir a travessia segura para pedestres e ciclistas, inclusive criando novas estruturas
– Diálogo com a Associação Comercial de São Paulo
– Pesquisa Origem-Destino específica para bicicleta, necessidade de pesquisas e dados para planejamento.
– Bicicletários e paraciclos
Ao final os secretários lembraram a importância da sociedade civil nos processos participativos da cidade, conselhos e audiências públicas, para que sejam incluidas as questões de mobilidade por bicicleta desde o início de qualquer projeto, garantindo verba e apoio popular. Foram lembradas as Operações Água Branca e Mooca-Vila Carioca, ambas com pouco ou nenhum avanço para as bicicletas.
“Não estou aqui para fortalecer nenhum governo, mas para fortalecer uma agenda fundamental para São Paulo: a agenda da mudança. Por isso aconselho que vocês, nas redes sociais, evitem ao máximo entrar em conflitos partidários ou caracterizar a luta da bicicleta como algo do meu governo, do Fernando Haddad. Isso não é uma questão partidária, mas um divisor de águas para a cidade, entre a saúde e doença, o passado e futuro”, disse Haddad.