A bicicleta vence pela simplicidade
Tudo começou com o Dia Mundial sem Carro, nas cidades européias em 1994 e que se espalhou pelo mundo em busca de reflexão sobre como podemos devolver as cidades às pessoas.
O mês de setembro é sempre importante para quem promove o uso da bicicleta e de uma “nova mobilidade”, cidades mais humanas, etc. Tudo começou com o Dia Mundial sem Carro, um chamado feito por cidades européias em 1994 e que se espalhou pelo mundo em busca de reflexão sobre como podemos devolver as cidades às pessoas depois do “século do automóvel”.
No Brasil as comemorações e reflexões costumam ser abertas com o tradicional Desafio Intermodal (DI), uma iniciativa que foi re-inventada no dia 31 de agosto de 2006 no Rio de Janeiro através da Transporte Ativo (e da qual orgulhosamente fiz parte). Naquele mesmo ano o pessoal da CicloBR replicou a iniciativa em São Paulo e desde então cidades ao redor do Brasil tem promovido esse estudo de caso que prova o que é óbvio a qualquer ciclista, a eficiência, velocidade e regularidade da bicicleta.
Zé Lobo / Associação Transporte Ativo
Desafio Intermodal de 2006 no Rio de Janeiro.
A bicicleta é em geral a tradicional “segunda colocada” no Rio de Janeiro, perde em velocidade para a moto. Mas ganha sempre no computo geral das emissões, segurança e satisfação do usuário. Por essa regularidade esse ano no Rio não haverá intermodal, que só volta em 2016. Leia mais sobre essa história.
Certamente depois da oitava edição o DI Carioca tem pouco a provar sobre a eficiência da bicicleta. E talvez esse seja o grande desafio, buscar novas formas de dar visibilidade ao potencial da bicicleta para as cidades, pequenas, médias e as gigantescas.
São Paulo é certamente um laboratório rico para essa reflexão. As ciclofaixas de lazer tem cumprido o papel de atrair o paulistano para os pedais durante os domingos de folga. A bicicleta na cidade expandiu imensamente seu papel de veículo do prazer e da atividade física e é hoje a maneira mais agradável de percorrer o caminho entre parques através de grandes avenidas.
Foi esse o primeiro e grande passo, lá em 2009, que trouxe milhares de paulistanos de volta aos pedais de maneira agradável. A rotina massacrante de congestionamentos e transporte público lotado mostra cada vez mais o cerceamento cotidiano que a cidade com suas grandes e congestionadas avenidas, viadutos e túneis impõe aos cidadãos.
Timidamente a administração municipal implementa ciclorrotas através de sinalização horizontal e vertical em ruas mais tranquilas. Um plano que mostra caminhos aos atuais ciclistas ao mesmo tempo que mostra aos motoristas que a bicicleta tem direito e prioridade no trânsito partilhado.
Mas infelizmente a tinta se esvai e placas não mudam mentalidades nem incentivam mudanças de comportamento. O poder público tem papel fundamental em garantir que a cidade seja devolvida aos cidadãos. E quem está de fora da administração municipal deve facilitar o trabalho dos técnicos e garantir que a bicicleta possa ser vista como o maravilhoso catalizador de transformações urbanas que é.
Lá em 2006 o Desafio Intermodal Carioca provou em rede nacional que a bicicleta era a forma mais eficiente de deslocar-se nas cidades. Sete anos se passaram e precisamos seguir em frente em constante movimento construindo o entendimento de que a bicicleta e os ciclistas que as usam devem ser cada dia mais presença constante na paisagem urbana. Algo que se constrói com incentivos para que mais pessoas pedalem mais bicicletas mais vezes.