Qual a medida do sucesso de uma cidade?
Cada um pode combater as distorções mentais do século do automóvel da sua maneira. Nesse humilde espaço, o melhor a fazer é repensar o jornalismo e a cobertura que se tem da bicicleta.
São Paulo, e todas as cidades do mundo, precisam de soluções inovadoras para os problemas que enfrentam. Talvez o maior impedimento para a devida implementação de novas práticas seja o ranço de século XX ainda tão presente no senso comum dos habitantes das cidades.
Cada um pode combater as distorções mentais do século do automóvel da sua maneira. Nesse humilde espaço, o melhor a fazer é repensar o jornalismo e a cobertura que se tem da bicicleta e temas relacionados à mobilidade.
Destaque negativo do mês certamente cabe à revista Época São Paulo, num grande exemplo de mau jornalismo para buscar manter as distorções criadas na cidade ao longo das últimas décadas e que precisam ser equacionadas.
O privilégio do planejamento urbano voltado para os carros criou problemas que precisam ser encarados de outras maneiras. Hoje medimos quilômetros de congestionamentos motorizados, os prédios precisam ter uma quantidade mínima para hospedar automóveis e grandes obras precisam pagar compensações absurdas para atrair mais pessoas a fazerem viagens dentro de carruagens movidas à motor.
Questionar lógicas vigentes e até mesmo apontar distorções e expor boas a más práticas dos administradores públicos é certamente papel do jornalismo. Mas em geral quando se fala em cobertura sobre mobilidade, os jornalistas da grande imprensa ainda parecem refletir a visão de mundo através do parabrisa.
Natural que seja assim, afinal foi uma construção política e econômica garantir que nossas cidades se tornassem espaços de tráfego motorizado ao invés de espaços de moradia e trocas entre pessoas. Levará tempo para que mudemos as mentes, para que com isso seja possível mudar a construção das cidades.
Por hora nos resta rir dos absurdos do pensamento preso ao século XX e trabalhar para garantir que se produza entre as pessoas o entendimento de que os atuais problemas requerem criatividade, coragem e foco nas necessidades humanas.
Incetivos para mais pessoas em bicicletas, para mais pessoas dispostas a caminhar, serviços de transporte público com qualidade e conforto. Mas tudo isso só fará sentido em cidades que sejam capazes de misturar com maior proximidade, emprego, moradia e lazer para as pessoas com diferentes níveis de renda.
A quem tiver interesse sobre o papel da imprensa na cobertura de mobilidade, vale ver (ou rever) o debate sobre a relação entre bicicleta e imprensa.
Quanto às bobagens específicas impressas, deixo a “Resposta aberta à revista Época São Paulo“, bem redigida pela Natália Garcia.