Promessas de mais Ciclofaixas de lazer ainda esse ano
Fui pessoalmente conferir a Ciclofaixa de São Paulo, na companhia de vários amigos cicloativistas, alguns familiares e o próprio secretário Municipal dos Esportes Walter Feldman.
Fui pessoalmente conferir a Ciclofaixa de São Paulo, na companhia de vários amigos cicloativistas, alguns familiares e o próprio secretário Municipal dos Esportes Walter Feldman, que vem aos poucos quebrando os paradigmas burocráticos da CET, conseguindo resgatar um pouco de espaço de lazer para bicicletas ao redor do Parque Ibirapuera, espaço esse que foi perdido no governo de Paulo Maluf quando das obras dos túneis da região.
Antes disso, a mando da então prefeita Erundina, a avenida JK era fechada aos domingos e feriados de ponta a ponta, durante todo o dia, para circulação de ciclistas, pedestres e usuários de qualquer outro brinquedo ou meio de transporte não motorizado, de tração humana.
É dessa data, 1989, o fechamento do minhocão durante as noites, domingos e feriados.
Tem mais, a JK nasceu com uma ciclovia em toda a sua extenção que era mais usada para o trânsito ilegal de motocicletas, de carros da própria CET e outras autoridades. A ciclovia era pelo canteiro central da avenida e quem tem mais de 40 anos deve se lembrar.
O falecido arquiteto urbanista e cicloativista Sérgio Bianco tinha fotos deste espaço que foi surrupiado dos ciclistas ainda na década de 90. Daria tudo por essas fotos.
Assim a Ciclofaixa de lazer é uma reconquista ainda que pífia, do espaço que os cidadãos sem motor perderam nessa cidade ao longo dessas duas últimas décadas.
A Nova Faria Lima foi projetada com uma ciclovia em toda a sua extenção e essa ciclovia virou um caminho central para pedestres sem sinalização alguma.
Apoio publicamente essa reconquista, veja no vídeo o secretário Walter Feldman prometer esforços em aumentar a extenção da Ciclofaixa, mas é importante deixar bem claro alguns detalhes.
Ciclofaixas de lazer nada atendem a mobilidade urbana em bicicletas, apenas desafogam a pressão, no caso de bairros nobres, de cidadãos que não sentem-se seguros para pedalar em um domingo de lazer nas ruas da cidade.
Esse esforço deve ser combinado com educação de trânsito, estabelecimento de “Traffic Calming” pelo menos aos fins de semana, em toda a cidade de São Paulo, ou seja garantir pelo menos nos fins de semana uma cidade com mais respeito às bicicletas nas ruas.
A própria demanda reprimida da Ciclofaixa, que ao meio dia retira seus cones e abandona ao Deus dará 10 mil ciclistas nas ruas, propõe ser necessária essa medida: “Traffic Calming”, redução da velocidade de veículos automotores nas ruas com a preferência aos pedestres e aos ciclistas, em toda a cidade, em especial perto dos parques.
Também é fato que um grande montante de $ está sendo investido para garantir a segurança dos ciclistas em lazer na ciclofaixa, sendo que em teoria, bastaria a simples sinalização, sem a tutela tão explícita de monitores, marronzinhos, cones e demais gastos da CET.
Essa falta de autoridade que a CET assume ter frente aos seus “comandados” os motoristas, é fruto da própria prática de ser conivente com o desprespeito de motoristas para com os pedestres e ciclistas em nome da pretença “fluidez” de veículos.
É prática não multar os motoristas que desrespeitam pedestres e ciclistas pois o respeito a nós no fundo “atenta” a fluidez dos automóveis. Com isso a própria CET não sente firmeza em seu pulso ao comandar motoristas com sinalizações apenas.
Tem que tutelar, com cones, com monitores e tudo o mais. Isso é um absurdo a ser mudado! Há que se se respeitar as sinalizações!
Quando em um dia de trânsito caotico a CET coloca cones em faixas zebradas para garantir que os veículos não trafegem por sobre elas, fica claro essa conivência com o desrespeito às leis.
Bastaria um marronzinho multando, é uma falta grave trafegar sobre faixa zebrada, mas não, há que se gastar efetivo e $ para colocar cones sobre faixas zebradas, que dirá então o respeito a uma faixa continua que funciona em horário estipulado para separar ciclistas de veículos automotores?
Mas tudo bem, levo isso como um aprendizado da CET a começar a trabalhar a idéia de compartilhar ruas mesmo que a um alto custo que somente o marqueting de um grande banco pode bancar.
No jargão marquetês, isso chama-se “green wash”, mas tudo bem, há mesmo que se “lavar verde”. Prefiro me ater aos lucros do “green wash”.
Antes de achar que esse post é contra a Ciclofaixa, coisa que não é, pois eu sou a FAVOR DA CICLOFAIXA e não abro mão de um único centímetro destinado a bicicletas nessa cidade, apenas quero ver dessa iniciativa a evolução para um trânsito partilhado de fato, todos os dias da semana, sem a tutela da CET, apenas na base da educação de trânsito e respeito às leis.