A história da Ciclovia da EPTG que será inaugurada em Brasília
A estrutura está sendo construída na DF-085, popularmente chamada de Estrada Parque Taguatinga.
A DF-085 popularmente chamada de EPTG – Estrada Parque Taguatinga – reserva algum romantismo e nostalgia no seu nome para moradores mais antigos de Brasília, pois essa rodovia realmente já abrigou muitas árvores que remetem ao Distrito Federal bucólico e pouco urbanizado.
Por outro lado, as siglas das vias administradas pelo Departamento de Estrada e Rodagens do Distrito Federal – DER-DF, guardam uma lógica atrasada e nefasta para qualquer cidade nos dias de hoje: para um morador de Brasília sair de uma Região Administrativa para outra ele precisa de um automóvel ou contar com a sorte do pouco confiável transporte público do DF.
Por exemplo, qualquer ser vivo que não esteja dentro de um carro, ônibus ou pilotando uma moto na EPGU – Estrada Parque Guará – é um corpo estranho. Ou seja, as rodovias do DF, sobretudo as de acesso ao Plano Piloto, não foram pensadas para circulação de pessoas, mas só de veículos motorizados.
Vale lembrar que embora pavimentadas desde as suas versões inciais essas estradas nos primeiros anos do DF tinham um cenário rural com pouca aglomeração urbana durante o seu percurso.
Porém, esse quadro mudou no começo dos anos 90 com a criação de Águas Claras e Vicente Pires o que conurbou a Região Administrativa de Taguatinga impactando de maneira catastrófica o trânsito de veículos na EPTG.
Assim, atualmente há uma grande distorção do brasiliense na compreensão do espaço geográfico em função do tempo que se passa dentro do automóvel.
Isso se deve a cultura do carro tão enraizada na concepção de Brasília, as vitórias da indústria automobilística no governo Juscelino Kubitschek e também por circular diariamente em rodovia/estrada. Esses fatores ajudaram a criar mentalidade que para sair de uma R.A e chegar em outra é necessário percorrer grandes distâncias.
O que em Brasília nem sempre é verdade:
- Do centro de Águas Claras até o centro de Taguatinga: 3,71km
- Do centro de Águas Claras até o centro de Vicente Pires: 6km
- Do centro de Águas Claras até o centro do Guará: 7km
- Do centro do Guará até o centro do SIA: 4,48km
- Do centro do Lúcio Costa até o SIA: 3,96km
- Do centro do Guará até o começo da Asa Sul no Plano Piloto: 6,31km
- Do centro da Colônia Agrícola Samambaia até o centro de Águas Claras: 2,62km
A expectativa do início da quebra desse paradigma é a construção da ciclovia da EPTG do trecho que vai de Taguatinga, no Pistão Norte e Sul, ao Plano Piloto, no Setor Policial Sul.
É a primeira medida efetiva do Governo do Distrito Federal que visa investir em mobilidade urbana ao ligar diferentes pontos do DF por meio de uma ciclovia.
Para quem já opta pelo transporte ativo e circula pela via agora poderá contar com uma opção mais segura e assim se espera o crescimento ainda mais significativo na quantidade de ciclistas.
A obra começou a ser executada desde o mês de maio de 2017, porém ficou mais de 30 dias parada por problemas de material para a terraplanagem e atualmente as máquinas tem seu trabalho concentrado no ramo entre o Setor de Indústria e Abastecimento – SIA, até a Região Administrativa do Guará.
A demora também acontece porque é necessário retirar alguns postes de iluminação, alterar o posicionamento da sinalização de trânsito já existente e por fim pelas dificuldades na adaptação do sistema de drenagem de águas pluviais.
São 25km de ciclovias que devem ser entregues até janeiro de 2018. Boa parte das benfeitorias ficarão às margens da EPTG e em alguns pontos também haverá ciclovia no canteiro central.
A pista exclusiva para ciclistas entre as faixas centrais dos automóveis facilita o deslocamento, por ter um melhor trajeto na passagem por alguns viadutos ao longo da EPTG.
Essa possibilidade reduz os cruzamentos perigosos entre a ciclovia e as vias dos carros – o que acontece em muitos pontos das ciclovias das marginais.
Isso se deve ao fato da ciclovia no canteiro central ser mais contínua, porém, infelizmente, ela não está prevista no projeto de alcançar toda a extensão da EPTG.
Além disso, nas marginais, outro ponto que merece atenção são as pontes sobre vias férreas e córregos que precisam de intervenções para melhorar a circulação de ciclistas e pedestres.
Como toda política pública inédita deverá passar por revisão e aprimoramento e esse processo é tão importante quanto a própria obra em execução.
Medir o impacto dessa ciclovia exige cuidado e paciência, porém tomando como exemplo outras ciclovias com menor extensão já feitas no Distrito Federal, as expectativas são:
- Crescimento da circulação de pedestres em lugares que antes eram inimagináveis, pois a ciclovia será a primeira e única opção de calçada;
- Deve aumentar os fretes e entregas de pequeno e médio porte feitas com bicicleta, sobretudo, por causa do Setor Indústria e Abastecimento que também abriga feiras, lojas de material para construção e grandes supermercados;
- Por fim, como esses espaços urbanos entre as R.A.s será ressignificado pela circulação de pessoas também há uma grande possibilidade de negócios.
Saiba mais sobre a licitação e o projeto: http://bit.ly/2wm3jpA