Cobradas por ciclistas, ações para reduzir roubos de bikes avançam em SP
Organizações se reúnem pela terceira vez com a Secretaria de Segurança Pública e plano de ação começa a sair do papel.
Na última quinta-feira (16), as organizações Ciclocidade, Aliança Bike, CicloBR, Bike é Legal e oGangorra estiveram mais uma vez reunidas com a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo para debater a segurança de quem usa bicicleta na cidade.
Em setembro do ano passado, este mesmo grupo esteve reunido com o secretário Magino Barbosa Filho e, a partir de novembro, um Grupo de Trabalho entre a sociedade civil e a SSP-SP foi oficializado no Diário Oficial e passou a construir uma agenda comum de ações para buscar soluções que visem coibir roubos e furtos de bicicleta em São Paulo.
Desde novembro, algumas mudanças importantes já foram realizadas pelo grupo de trabalho, em consonância com o diagnóstico realizado sobre a situação do tema dentro da própria Secretaria. São elas:
- A reorganização do sistema de notificação através do boletim de ocorrência, com padronização de informações e a inclusão de campos que antes não constavam na base.
- A atualização das bicicletas apreendidas nos DP’s e suas informações.
- A disponibilização de uma base de dados pública, a partir das informações das bicicletas e que constam nos boletins de ocorrência, para consulta tanto de agentes e policiais quanto da sociedade civil e do mercado. Esta base está no ar desde 25 de Janeiro e mais de 6 mil consultas já foram realizadas desde então.
Entenda como funciona o novo registro de roubos de bicicleta na matéria:
No encontro desta semana, o grupo de trabalho fez uma avaliação sobre estas mudanças e discutiu os próximos passos, à luz de uma profunda análise sobre os dados que constam no boletim de ocorrência. Alguns números foram antecipados ao Grupo, mas os microdados serão disponibilizados para que possamos fazer uma análise aprofundada das informações, bem como produzir infográficos sobre elas.
Dados e Informações antecipados
De janeiro a novembro de 2016 houve 220 roubos de bicicletas em vias públicas na cidade de São Paulo – roubos em residências, por exemplo, não são computados como “roubos de bicicleta”.
Metade (50%) destes roubos ocorreram em ciclovias ou ciclofaixas e, em 85% dos casos, a vítima estava em movimento; em 42% dos casos, apenas a bicicleta foi levada.
O meio de transporte do(a) agressor(a) foi: 7% de bicicleta; 8% de motocicleta; 64% a pé; e o restante ou não tinha a informação no B.O ou entrou na categoria “outros”.
A maior parte dos roubos envolve apenas um agressor. A conclusão da SSP, neste momento, é que o roubo de bicicleta hoje se configura como um “roubo de oportunidade”, pois não é possível identificar, a partir da análise dos boletins de ocorrência, um perfil de grupo.
As ocorrências que tiveram mais de três agressores envolvidos estão concentradas nos seguintes Distritos Policiais: 3º Campos Elíseos (4 ocorrências ao longo de 2016), 11º Santo Amaro (4 ocorrências), 102º Socorro (3 ocorrências), 23º Perdizes (3 ocorrências), 34º Morumbi (3 ocorrências), 62º Ermelino Matarazzo (3 ocorrências), 77º Santa Cecília (3 ocorrências).
Muitas vezes, segundo a SSP-SP, a descrição dos indivíduos não bate e as ocorrências são esparsas – com uma em janeiro e outra no meio do ano, por exemplo. Desta forma, segundo conclusão preliminar da própria Secretaria, não é possível identificar um modus operandi que gere um padrão.
Os principais logradouros que tiveram roubos de bicicleta, em 2016, são: Av. Sumaré (10 ocorrências); Av. Escola Politécnica (9); Av. Prof. Fonseca Rodrigues (8); Av. Guido Caloi (7); Av. das Nações Unidas (6); Av. Eng. Billings (6); Av. Conde de Frontin (5); Av. Henrique Chamma (5); Av. João Dias (5); Av. Rangel Pestana (5); Av. Arlindo Bettio (5); Av. Guira Acangatara (5).
Assista ao comentário de Renata Falzoni sobre o mercado paralelo de bikes:
Todos estes dados contidos nos boletins de ocorrência serão disponibilizados e novas análises e cruzamentos serão feitos pelo Grupo, tendo em vista dar maior publicidade aos números oficiais e, ao mesmo tempo, permitir uma melhor compreensão sobre a situação atual e ao longo do tempo. Ainda e principalmente os dados são fundamentais para subsidiar, com mais precisão, o conjunto de ações a serem implementadas.
Ainda nesta reunião, o Grupo de Trabalho apresentou os resultados preliminares da Pesquisa sobre Notificações de Roubos e Furtos de Bicicleta. Os resultados serão divulgados assim que a Pesquisa estiver concluída. Quem já foi vítima de roubo ou furto de bicicleta pode responder a pesquisa através deste link: http://bit.ly/2nxqclF.
Os encaminhamentos e próximos passos
A Secretaria disponibilizará os dados e microdados para que o Grupo de Trabalho possa realizar seus próprios levantamentos e fazer novas análises a partir deles;
- Finalização da pesquisa de notificações e publicação dos resultados;
- O Grupo apresentará uma proposta de nova redação para o texto que apresenta o banco de dados de bicicletas, no site da Secretaria;
- Para a próxima reunião a SSP apresentará uma análise sobre o Disque Denúncia, visando possíveis alterações no cadastramento destas denúncias. Inserindo, por exemplo, locais – físicos e online – de desmonte/receptação de bicicletas, partes e peças.
- Delegacia eletrônica. A SSP testará as possibilidades de registro online de roubos, para diminuir imediatamente os níveis de burocracia e obrigatoriedade de boletim de ocorrência presencial.
- Apresentação de soluções para que a sociedade consulte a base de dados sem a obrigatoriedade do número de série da bicicleta.
- Para a próxima reunião o Grupo apresentará as primeiras ideias de uma campanha pública com foco no número de série das bicicletas.
- Para a próxima reunião a SSP convidará o Secretário Municipal de Segurança Urbana, Cel José Roberto Oliveira, para debater ações conjuntas com a Prefeitura.
Entidades defensoras da bicicleta participam de reunião na SSP