No ABC Paulista, projeto quer ajudar deficientes visuais a pedalar
Uma das maneiras dos deficientes buscarem inclusão social, autoestima, superação física e psicológica, vem sendo, por meio de práticas esportivas e atividades de lazer
Escuridão. Para muitos, trata-se da mera ausência de luz, um momento de conforto e de relaxamento. Para outros, representa o medo, o pânico, e o incômodo. Para cerca de 3,6% dos brasileiros, segundo dados do IBGE 2015, o escuro representa um duro destino, a convivência diária com um mundo particular dotado de incertezas, cuidados e adaptações. Para estes últimos, infelizmente, a deficiência visual faz parte da vida.
Ainda segundo a pesquisa, o grau intenso ou muito intenso da limitação impossibilita 16% dos deficientes visuais de realizarem atividades habituais como ir à escola, trabalhar e brincar.
Uma das maneiras dos deficientes buscarem inclusão social, autoestima, superação física e psicológica, vem sendo, por meio de práticas esportivas e atividades de lazer, algo extremamente limitado no Brasil.
Com objetivo de ajudar, ainda que minimamente, o Estado a implementar a inclusão social de deficientes visuais, surgiu em São Bernardo do Campo/SP (ABC) o Projeto Ciclistas de Visão, idealizado por mim e por minha namorada Rosângela Aparecida de Araújo.
A bicicleta é um meio de interação, de desafio, é um exercício para o corpo e para a mente. As justificativas da utilização dela numa ação social dessas são muitas. Nesse sentido, Rosângela defende: (…) porque pedalar é ver e ir além do infinito; é poder enxergar com a alma e com o coração. É sentir, e se envolver com o próprio corpo e com a natureza. É vida, é um balão de oxigênio que só traz sensações agradáveis e muita felicidade. É uma mudança (…).
O Projeto visa oferecer passeios ciclísticos a deficientes visuais na Estrada Velha de São Bernardo do Campo/SP, local conhecido como polo turístico de prática de esportes, dentre eles o ciclismo. A ideia é que tal proposta deva ser colocada em prática aos domingos pela manhã (inicialmente de forma quinzenal), com a utilização de uma Tandem, bicicleta para dois ocupantes. Na frente dela vai o condutor e atrás o deficiente visual. Ambos pedalam! Nesse processo, a vida do deficiente mudará: sua alma ganhará alimento, seu corpo ganhará asa, e sua socialização aumentará. Assim, ele não só aprenderá como também ensinará: sua percepção será amplificada e passada para o ciclista que conduz a bicicleta. Haverá uma troca de experiências sensoriais que se completarão durante a pedalada. Além disso, o sedentarismo, ocasionado pela ausência total ou parcial da visão será deixado de lado.
Este modelo de inclusão de deficientes visuais em práticas esportivas já é bem conhecido em Blumenau/SC (Projeto Novo Olhar) e Florianópolis/SC.
O Projeto visa apoiar toda e qualquer iniciativa que promova a integração e estímulo ao uso seguro e responsável da bicicleta. Acima de tudo, ele objetiva integrar a bicicleta como um poderoso instrumento de revolução social e pessoal. Ora, todas as pessoas têm o direito de experimentar e usufruir o sabor do ciclismo em qualquer fase, situação, e condição de vida. A iniciativa já conta com ciclistas voluntários e com o apoio do Espaço Braille da Biblioteca Guimarães Rosa de São Bernardo do Campo/SP, local de grande presença de deficientes visuais.
Contudo, para inicio das atividades, busca-se de uma a duas bicicletas de dois lugares, capacetes e luvas. Os objetos não precisam ser novos, mas em bom estado. Toda atividade será documentada e divulgada. Por outro lado, se qualquer empresa quiser apoiar a causa, com doações, faremos questão de promover a divulgação da marca da mesma.
Há demanda, há espaço, há voluntários e principalmente muita atitude. Qualquer opinião, sugestão e contribuição será bem vinda.
Promova a percepção sensorial, a felicidade e a autoestima de quem vive na escuridão. Ajude o Projeto Ciclistas de Visão!!!
Contato Ciclista de Visão: [email protected]