‘Basta de Mortes’ procura atentar para o alto índice de acidentes no trânsito do Recife
A Associação Metropolitana de Ciclistas do Grande Recife, Ameciclo, colocou centenas de cruzes e diversas coroas de flores no gradil da Av. Conde da Boa Vista. Os ativistas também estenderam banners com os dizeres “o que o seu candidato vai fazer sobre isso”, “nenhuma morte no trânsito é aceitável” e “Basta de mortes no trânsito”, esta última é o nome da campanha realizada pelo Observatório do Recife e a Ameciclo, que tem como intuito chamar a atenção para o alto índice de acidentes no trânsito da cidade, destacando as 560 mortes que ocorreram em 2014.
Além disso, será cobrado o compromisso dos(as) candidatos(as) à Prefeitura da cidade pela redução das mortes no trânsito em 20% ao ano. De acordo com a Organização das Nações Unidas, o valor máximo aceitável de mortes no trânsito é de 6 mortos por 100 mil habitantes até 2020. O índice da cidade, baseado em dados de 2014, os mais atuais que estão disponíveis, é de 34 mortes por 100 mil habitantes. A maior parte das colisões e atropelamentos que acontecem todos os dias poderia ser evitada com mudanças na infraestrutura, na fiscalização e na educação.
“Recife é a quarta cidade brasileira que mais mata no trânsito. Estamos a dois meses das eleições e é fundamental que os(as) candidatos(as) à Prefeitura se comprometam com a vida das pessoas e com a redução dos índices absurdos de violência no trânsito. É função do poder público estabelecer medidas para prevenir mortes e acidentes nas ruas e avenidas da cidade”, alerta Ligia Lima, do ODR.
Ao comparar os números de mortos no trânsito da capital pernambucana com a cidade de São Paulo é que entendemos a gravidade dos índices. São Paulo registra 11 mortes por 100 mil habitantes em 2014 e Recife computa 34,6 mortes por 100 mil habitantes; mais que o triplo de fatalidades, apesar da população de Recife ser sete vezes menor que a de São Paulo. Isso torna a violência no trânsito não apenas um desafio da gestão municipal, mas um caso crítico de saúde pública.
A ferramenta utilizada pela campanha para cobrar dos prefeitáveis é a “Panela de Pressão”, plataforma digital de mobilização do Meu Recife, que permite às pessoas pressionar diretamente os(as) candidatos(as) à Prefeitura do Recife por e-mail, Facebook, Twitter e até por telefone. O objetivo é que eles(as) declararem seus compromissos com a melhoria da mobilidade de Recife em seu plano de governo, acatando as propostas construídas pela sociedade civil na I Conferência Livre de Mobilidade do Recife, realizada nos dias 9 e 10 de julho na UFRPE. Entre as 30 demandas da Conferência está também a redução de mortes no trânsito.
“Convidamos a todos a se engajarem nessa luta, a entenderem os dados e a pressionarem os candidatos a se comprometerem com a diminuição da violência no trânsito”, comenta Lígia.
As instituições parceiras planejam, até o final do mês de setembro, uma série de ações para chamar a atenção das pessoas sobre o alto número de mortes nas ruas e avenidas de Recife. O reforço da iniciativa terá ainda outdoors e outbuses espalhados pela cidade.
Em 2011, a ONU lançou a Década de Ações de Segurança no Trânsito que foi adotada pelo Brasil. Governos de todo o mundo se comprometem a tomar novas medidas para prevenir os acidentes no trânsito, que matam cerca de 1,2 milhão de pessoas por ano. Trata-se da nona causa mundial de mortes. No Brasil, mais de 40 mil pessoas morrem todos os anos em acidentes no trânsito.