Vídeo mostra ciclista recuperando bike roubada na Ciclovia do Rio Pinheiros
Um ciclista identificou e conseguiu recuperar uma bicicleta que havia sido roubada no lado oeste da ciclovia do Rio Pinheiros, famosa por casos de assaltos.
Um ciclista identificou e conseguiu recuperar uma bicicleta que havia sido roubada no lado oeste da ciclovia do Rio Pinheiros, famosa por casos de assaltos.
Durante um treino na manhã do dia 17 de julho, o ciclista de 41 anos, que pediu para não ser identificado, reconheceu a bike, seguiu o homem que a pedalava e chamou a Polícia. Dois policiais de moto foram acionados e fizeram o flagrante de receptação.
No momento da abordagem, o sujeito de vermelho conta que comprou a bicicleta de segunda mão pela internet, pagou R$6 mil, foi buscá-la em Paraisópolis e não tinha nota fiscal. Veja no vídeo:
Além de contar sobre detalhes específicos e peças, o dono apresentou fotografias, boletim de ocorrência do dia do roubo e, posteriormente, a nota fiscal da bike, que ele comprou em viagem aos Estados Unidos. A bicicleta havia sido roubada perto dali, na Marginal Pinheiros, em setembro do ano passado.
Adquirir objetos roubados ou furtados configura crime de receptação, com pena de 1 a 4 anos de reclusão e multa. Entretanto, como o dono não pôde apresentar a nota fiscal no mesmo dia do flagrante, o homem foi ouvido na delegacia e liberado.
“Eu não senti interesse da Polícia em levar o caso à frente. Durante as seis horas que passamos na delegacia, não fizeram nenhuma pergunta sobre onde ele havia comprado, com quem, onde foi buscar, nada. A impressão que dá é que não queriam ficar ‘perdendo tempo’ com história de bicicleta”, conta o administrador de empresas sob anonimato em entrevista ao Bike é Legal.
O vídeo foi divulgado pela própria Polícia Militar na tarde desta terça-feira (03) e, até o fechamento desta reportagem, já havia sido compartilhado por mais de 2 mil pessoas em redes sociais.
Histórico de insegurança
O lado oeste da ciclovia do Rio Pinheiros é conhecido pela falta de segurança e recorrentes casos de assaltos a quem passa por ali. Recentemente, a pista ganhou até o apelido de “Ciclofaixa de Gaza” e usuários costumam se juntar em grupos para evitar roubos na região. Assista matéria especial aqui.
O assalto a mão armada no ano passado já havia mudado a rotina do ciclista que agora recuperou a bicicleta. Ele passou meses sem pedalar, começou a sair de carro para chegar ao locais de treinamento, mudou itinerário e agora paga um seguro para todas suas magrelas. “Mais do que o bem material, meu principal prejuízo foi a sensação de andar com medo o tempo inteiro. Bicicleta eu compro outra, mas eu tenho família, três filhos em casa. Ainda ando com medo e perdi a sensação de liberdade”, desabafa.
A alimentação do mercado ilegal está no centro da discussão sobre a responsabilidade da população na prevenção de crimes. Com o difícil controle da procedência de peças, equipamentos e das próprias bicicletas, a venda de produtos ciclísticos vindos de roubos e furtos é uma realidade, especialmente via internet, onde vendedores não explicam origem e, por vezes, ficam escondidos sob perfis falsos.
“O comércio de coisas usadas é bacana e precisa existir, mas deveria existir um controle melhor de quem está fazendo a transação. Esperar que o Estado resolva acho complicado, nem meus netos vão ver. Aí é que precisa surgir a força das redes sociais, com as pessoas se juntando pra que todos se defendam do comércio do que é roubado. Infelizmente o que acontece é que só se mobiliza quem foi lesado”, defende o ciclista que, pelo menos desta vez, conseguiu voltar pra casa com sua bicicleta.