Diário das Magrelas: Pedestre vivo? Só com motorista responsável e atento
Notícia boa ou a ruim primeiro? Estando os dois cartazes a vista dos mesmos passageiros, a incongruências das mensagens torna a análise mais complexa e a ordem dos fatores irrelevante.
Com esse tempo que esquenta e esfria, com o índice de umidade subindo e descendo, fica difícil não pegar uma gripe. No meu caso uma sinusite. Depois de voltar de uma viagem com a imunidade um pouco baixa e a brusca mudança no tempo paulistano, comecei a espirrar. Nariz entupido, tosse, os clássicos presentes de grego do frio.
Passei uma semana revezando entre a bike e o transporte público, tentando melhorar o quadro de saúde ( e cá entre nós, pedalar nessas condições não é nada agradável). Algumas dificuldades corriqueiras do uso de ônibus e metrô, mas o que mais me chamou a atenção durante esses dias longe da magrela, foram dois cartazes colados dentro de um ônibus, inclusive ambos no mesmo.
Perguntaria se preferem a notícia boa ou a ruim primeiro, mas estando os dois cartazes a vista dos mesmos passageiros, a incongruências das mensagens torna a análise mais complexa e a ordem dos fatores irrelevante.
Mas, comecemos ao menos com esperança.
Giuliana Pompeu
”Individual ou coletivo. O que é melhor para a cidade?”
No cartaz a mensagem questiona “Individual ou coletivo. O que é melhor para a cidade?” e a foto responde com porcentagens o número de pessoas transportadas em média em cada veículo e o espaço que o mesmo ocupa, mostrando como é desigual e desequilibrado a divisão do espaço público na cidade. Poucos ocupando muito espaço e muitos aglomerados em pouco espaço.
Mas a mensagem é positiva: “Quem usa transporte público contribui com o interesse coletivo”. Essa é uma grande verdade!
Quem usa transporte público é consequentemente um pedestre, ao mesmo caminhar de seu local ao ponto de ônibus ele precisa. Sendo assim, ao menos algumas ruas ele precisa atravessar. Ele pode ver seu ônibus passar e precisará atravessar com presa para alcança-lo –serão ao menos mais vinte minutos de espera-. Pedestre também tem pressa e ao contrário dos motoristas de carro, é só ele e suas pernas, vez ou outra um mísero guarda-chuva, mas não é nada comparado a janelas.
Deu pra entender… o mais frágil do trânsito, o mais prejudicado com as condições climáticas, a pessoas que mais se deve respeitar. Mas, como em outros textos já explanei, tem gente (e órgãos públicos) que acha que é o pedestre que tem que se proteger e não o motorista que tem que tomar cuidado.
Da criação dessas pessoas que se iludem que o espaço público já está bem dividido, surgem essas pérolas.
Giuliana Pompeu
Pedestre vivo só com motorista responsável e atento
E o mesmo pedestre dentro do ônibus que se encheu de positividade com a mensagem de que ele é importante para a coletividade da cidade, precisa ler que para ele estar vivo deve olhar para todos os lados, atravessar na faixa e ainda fazer sinal.