Mulher e Bicicleta em uma sociedade de maiorias
O que quero dizer em suma é: ser mulher em nossa sociedade é tão difícil quanto pedalar em uma cidade pensada para automóveis.
Esse texto faz parte da campanha #AgoraÉQueSãoElas. A iniciativa foi idealizada pela Manoela Miklos e propõe que homens convidem mulheres para escreverem em seus espaços de fala por uma semana. Meu texto será compartilhado nessa sexta-feira (6) no Facebook do Secretário Chico Macena.
Começo esclarecendo o termo minorias políticas. Vivemos em um país com a maior parcela da população negra ou parda, com mais da metade do gênero feminino, com uma enorme região do país no Norte e Nordeste do Território Nacional, mas ainda assim todas as questões desses grupos de interesse são menos discutidas do que precisam ser.
Gustavo Amorim
Eu de bike na Avenida Paulista
Minorias e maiorias políticas não se tratam de números, mas sim de representatividade e de espaço conquistado dentro de uma sociedade. Portanto, por mais que as mulheres sejam numerosas no Brasil, as políticas voltadas para as questões de gênero são tão ínfimas quanto as voltadas para a bicicleta, modal ativo que representa cerca de três por cento das viagens feitas na cidade de São Paulo todos os dias.
É claro que assim como as ciclovias se espalham pelas ruas da capital, mulheres do Brasil todo se empoderam mais e mais a cada ato de resistência em uma sociedade ainda muito patriarcal e machista. O que quero dizer em suma é: ser mulher em nossa sociedade é tão difícil quanto pedalar em uma cidade pensada para automóveis.
E é justamente esse “pensado para…” que complica as coisas e exige mudanças afim de que esses espaços, complexos como uma sociedade ou “mais simples” como o urbanismo das cidades, sejam capazes de receber bem -e principalmente com segurança- todas e todos.
Como mulher e ciclista, me sinto feliz vendo que ambas as lutas (de gênero e no que tange a mobilidade) estão evoluindo, andando para frente apesar da intolerante resistência. Ainda vamos ler capas de revistas criticando reformas viárias que se dedicam a pessoas e deixam de lado por breves momentos o carro. Ainda vamos ouvir muitos “fius fius” ao caminhar ou pedalar pelas ruas. Mas a verdade é que a luta é antiga e vem regando as mudanças há muito tempo.
Sinto-me em um momento de profundas transformações. As coisas não estão fáceis, surgem como piadas de mal gosto leis que querem decidir sobre nossos corpos, ainda sinto medo de sair na rua, mas como disse, a verdade é #AgoraÉQueSomosNós, agora e sempre. A árvore cresceu e não é possível mais cortar.
Vamos pedalar, vamos amar, vamos conquistar e principalmente, vamos falar! E quanto a intolerante resistência… Vamos continuar resistindo, porque isso a gente sabe fazer muito melhor.
#MachismoMataFeminismoLiberta