Ciclista é detido e reacende polêmica sobre proibição de bikes em ponte de Vitória-ES
Na tarde da última segunda-feira (30), um ciclista foi detido por pedalar na Terceira Ponte, que liga as cidades de Vitória e Vila Velha, no Espírito Santo.
Na tarde da última segunda-feira (30), um ciclista foi detido por pedalar na Terceira Ponte, que liga as cidades de Vitória e Vila Velha, no Espírito Santo.
Oficialmente, a estrutura de 3,3km é proibida para o tráfego de bicicletas e, desde 2013, a travessia de ciclistas é feita com um ônibus adaptado, o Bike GV, que funciona até as 20h. A alternativa, entretanto, é criticada por ciclistas, que reclamam do custo da passagem – R$1,25 – e de ficarem presos no congestionamento dos veículos.
De acordo com o ciclista de 25 anos, ele iria fazer a travessia desde Vila Velha com o ônibus, mas decidiu atravessar pedalando quando foi informado que o ônibus seguinte sairia em apenas 1h30. Procurada, a Ceturb, que administra o serviço, não enviou resposta até a publicação desta reportagem.
Veja na videorreportagem de JP Amaral como funciona o Bike GV:
O rapaz, que pediu para não ser identificado, conta que foi abordado por um PM no meio do trajeto e obrigado a dar meia volta pedalando pela contramão. Com a recusa, uma viatura foi acionada e o que se seguiu foi uma discussão entre ciclista e policiais.
“Continuei argumentando que queria ir embora pra Vitória, dando a entender que eu iria descer. Foi aí que ele me pegou pelo braço, pediu para eu me apoiar na mureta para me revistar. Ele torceu meu braço muito forte, doeu muito, pedi para parar, mas ele só aumentou. Consegui sair da chave de braço, e fiquei no chão”, relata o ciclista, que acabou detido por desacato e encaminhado ao DP de Vila Velha.
Entrave histórico
O caso traz novamente à tona a discussão sobre o uso da Terceira Ponte, principal ligação entre os centros de Vila Velha e da capital, Vitória.
Com grande demanda de trabalhadores que precisam se deslocar diariamente entre as duas cidades, a ponte tem tráfego intenso, carros em alta velocidade – a máxima permitida é de 80km/h – e foi construída sem nenhum espaço reservado a pedestres e ciclistas.
O Bike é Legal inclusive já mostrou inúmeras vezes os problemas enfrentados por quem vai a pé ou de bicicleta na via, além da mobilizações populares por uma ponte mais acessível.
Entre cicloativistas da região, a ponte ganhou o apelido “Muro de Berlim Capixaba” e a única alternativa para fazer atravessia pedalando significa um aumento de 17km no trajeto, quase seis vezes mais distante que o caminho “natural”.
Promessas
Após pressão de ativistas locais, em maio do ano passado o então governador Renato Casagrande (PSB) chegou a prometer a construção de uma ciclovia no local. Quase um ano depois, nem o edital de licitação foi publicado e o projeto foi cancelado.
Veja no vídeo o dia em que a Bicicletada tentou atravessar a ponte: