Mitos da bike: Caverna Motorizada
Uma reinterpretação ciclística do "Mito da Caverna" de Platão.
Há muito tempo atrás um grupo de pessoas foram presas dentro de uma caverna, com suas cabeças apontadas para o fundo escuro de sua prisão. Apesar da vida continuar do lado de fora, os prisioneiros só enxergavam máquinas nas sombras projetadas na parede escura.
Edu Cole
A liberdade é motorizada?
Anos se passaram e a nossa vida na caverna se resumia em comer, dormir e sonhar com o mundo que enxergávamos através das sombras. Aquelas “máquinas”, com o tempo cresceram em nossas imaginações, ganhando um forte simbolismo para nós; representando o que idealizávamos como liberdade.
Então, acordei com um certo calor no rosto e uma luz mais forte que o normal; estava deitado, não sentia mais nada me prendendo, foi quando abri os olhos e vi. Todas as ilusões e preconceitos que tínhamos dentro da caverna deixaram de existir.
Então, aquele que não conhecia nada além das sombras, vislumbrou maravilhado, um mundo de cores, cheio de vida e liberdades bem diferentes daquela que um dia imaginou. As máquinas que havia desejado por anos, agora não passavam de outra prisão para seus sentidos e ele finalmente experimentou pela primeira vez o que é a liberdade de se pedalar.
Me sentia voando, sem peso, com todos os sentimentos negativos enfraquecendo e os sentimentos positivos aumentando. Mas a principal diferença estava na minha consciência, razão, pensamento, já que experimentei o que é o pensar. Meu próximo ímpeto foi voltar para a caverna e contar para meus antigos amigos sobre o mundo fora dela.
O recém liberto ciclista, entusiasmado com as novas descobertas, tentou argumentar com seus amigos sobre o que era a realidade e a diferença entre a liberdade que imaginava olhando as sombras, e a liberdade experimentada pedalando por campos verdegantes em um dia ensolarado.
Para minha surpresa, me chamaram de louco e não acreditaram em nenhuma palavra do que disse. Mesmo após horas conversando, nenhum deles se convenceu, eles preferem uma ilusão de liberdade à liberdade em si. Prefiro ser louco, conhecendo a liberdade ideal e feliz, do que ser normal, preso à uma percepção falsa de liberdade e acomodado.
Já dizia a música Balada do Louco, da banda Os Mutantes:
“Dizem que sou louco por pensar assim Se eu sou muito louco por eu ser feliz Mas louco é quem me diz E não é feliz, não é feliz…
Eu juro que é melhor Não ser o normal Se eu posso pensar que Deus sou eu “