O que trazer do Fórum Mundial da Bicicleta?
O caminho do aeroporto à casa - cerca de 40 km, de táxi - já mostrou o quão caótico é o trânsito na Colômbia, com taxistas, motoristas e motociclistas em altas velocidades, ultrapassagens arriscadas.
Estive, de 25/02 a 01/03 deste ano, em Medellíin, na Colômbia, para o 4o Fórum Mundial da Bicicleta, ou FMB. Me hospedei na Casa Museo Salsipuedes, junto com outros 30 e tantos brasileiros de todas as regiões do país. E nos dias do Fórum encontramos outras dezenas de brasileiros que também compareceram ao evento, com quem sempre aproveito para trocar experiências do que está acontecendo nas diversas cidades do nosso país.
Renata Falzoni
As magrelas dominando Medillín, no 4º Fórum Mundial da Bicicleta
O caminho do aeroporto à casa – cerca de 40 km, de táxi – já mostrou o quão caótico é o trânsito na Colômbia, com taxistas, motoristas e motociclistas em altas velocidades, ultrapassagens arriscadas na estrada ou na cidade, taxistas cometendo diversas irregularidades, semelhante ou até pior que várias cidades brasileiras. Imaginei que seriam bastante agressivos com o ciclista, o que não me ocorreu no único dia que aluguei uma bicicleta e percorri a cidade pedalando, junto com outros ciclistas brasileiros.
Sobre o Fórum, em comparação com o de 2014, em Curitiba – onde também estive presente – cresceu bastante. Em número de participantes, quantidade de eventos, grandeza dos palestrantes, estrutura física, etc. Mas essa grandeza, em certos aspectos, teve resultado negativo. Palestrantes mundialmente famosos como Janette Sadik-Khan, ex-secretária de transportes de Nova Iorque (2007-2013), ou Antanas Mockus, ex-prefeito de Bogotá (1995-1997 e 2001-2004), tiveram pouco tempo para palestrar, pois dividiram o palco com outras 2 ou 3 personalidades. Os demais eventos ficavam esvaziados quando concorriam com painéis de tamanha grandeza, e mesmo nos demais horários, tinham muitas atividades concorrentes entre si, ou oficinas com pouco tempo para desenvolver os debates e trabalhos em grupo. O crescimento do evento parece que também deixou a organização menos acolhedora com os participantes em geral, se esqueceram de recomendar lugares para comer, para conhecer na cidade, ou organizar atividades de confraternização.
Uma coisa que faltou foi nos apresentarem mais sobre Medellín, cidade que serve de exemplo para tantas metrópoles brasileiras, melhorando inúmeros indicadores econômicos e sociais em um curto período de tempo. Reduziu suas taxas anuais de homicídio de 381 homicídios/100 mil habitantes em 1991 (quando foi considerada a cidade mais violenta do mundo), para 32,8 homicídios/100mil habitantes em 2005, e alcança hoje uma taxa de alfabetização de mais de 95% – excelente exemplo pra minha Fortaleza, que sofre com a violência, e também tem péssimos indicadores educacionais. E tudo isto através do combate à corrupção, investimento em segurança preventiva, e não repressiva, e investimentos em educação, cultura, esporte e lazer, se iniciando nas regiões com menor IDH e maiores índices de violência. Podem copiar a vontade, prefeituras brasileiras!
A novidade boa do Fórum foi que deu pra sentir que ele realmente se tornou internacional, ao contrário das 3 edições anteriores, que haviam sido no Brasil, com clara predominância de atividades e participantes brasileiros. Foi uma excelente oportunidade de conhecer a realidade da bicicleta nos outros países, e ver muitas similaridades dentre as diversas organizações de ciclistas. Muitos palestrantes brasileiros sentiram suas atividades esvaziadas, o que indica que temos que melhorar o espanhol para atrair mais nossos companheiros da América Latina. As atividades europeias ou da parte oriental do nosso planeta ainda são escassas no FMB, mas já se vê uma união mais forte entre os ciclistas latino-americanos, que tende a melhorar ainda mais com a próxima edição, em Santiago. Inclusive, os chilenos prometeram que ano que vem o Fórum vai explorar mais os espaços públicos e a convivência entre os participantes, bem como os ciclistas adoram. Nos vemos em Santiago!
A bikerrepórter Renata Falzoni também esteve presente no 4º Fórum Mundial da Bicicleta, confira a galeria de fotos dessa viagem!