Governo estadual proíbe e Rota Márcia Prado 2014 é cancelada
A pedalada que tem como principal intenção homenagear a ciclista Márcia que foi atropelada por um ônibus em plena Avenida Paulista sofre grande resistência do Governo do Estado.
O Instituto CicloBr anunciou na tarde desta terça-feira (09) o cancelamento do que seria a quinta edição da Rota Márcia Prado, passeio pelo caminho cicloturístico que liga as cidades de São Paulo e Santos.
O evento aconteceria no próximo domingo, dia 14 de dezembro, e mais de 10mil ciclistas eram esperados para a pedalada. Depois de proibições do Governo do Estado através da ARTESP e Polícia Militar o Instituto CicloBr resolveu cancelar a pedalada. Leia na nota oficial:
O Instituto CicloBR foi obrigado a cancelar a Rota Márcia Prado 2014. A pedalada que tem como principal intenção homenagear a ciclista Márcia que foi atropelada por um ônibus em plena Avenida Paulista sofre grande resistência do Governo do Estado, principalmente por parte da Secretaria de Transporte e da ARTESP.
O Instituto estava com tudo pronto, com apoio das Prefeituras de São Paulo, São Bernardo do Campo, e negociando apoio de Cubatão e Santos. Até mesmo o Prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, havia confirmado presença no passeio do dia 14/12. Faltando apenas o apoio da Ecovias, já que os ciclistas devem passar por um pequeno trecho de 5km da Rodovia dos Imigrantes para acessar o Parque Estadual Serra do Mar.
No dia 5/12, por intermédio da Defensoria Pública, foi realizada uma reunião no prédio da Secretaria de Logística e Transportes – cujo prédio não tem bicicletário e tivemos que trancar nossas bicicletas no acesso de cadeirantes e foi a ARTESP (Agência de Transporte do Estado de São Paulo) que solicitou que a reunião ocorresse no prédio da Secretaria – estavam representados também o DER (Departamento de Estradas de Rodagem), Polícia Militar, Polícia Rodoviária e Instituto CicloBR e o resultado do encontro foi a manifestação formal dos órgãos estaduais contrária à passagem dos ciclistas pela Rodovia dos Imigrantes, em apoio ao já conhecido apelo da Ecovias.
O caso com a Ecovias foi parar na Defensoria Pública porque um ciclista abriu o processo alegando ser barrado na Imigrantes. Semanas antes dessa reunião com a ARTESP e Ecovias houve uma plenária na Defensoria Pública a qual a Ecovias não compareceu. A EMAE, órgão que controla as balsas pelo trajeto que passa a RMP, recebeu nosso oficio com a solicitação de colocação de uma segunda balsa no dia do passeio, ligamos inúmeras vezes e não obtivemos resposta alguma e, por isso, não foi chamada para a reunião e nunca foi mencionada.
A ARTESP, DER e Ecovias não autorizaram a passagem dos ciclistas que fariam o passeio ciclístico em homenagem à ciclista Marcia Prado no trecho que faz a ligação da rota ao litoral, na contramão de toda corrente de conscientização que tem se espalhado. Em 2012 a concessionária Ecovias que administra o Sistema Anchieta/Imigrantes emitiu um boleto de R$100.000,00 para poder “apoiar” o trecho que passa pela Imigrantes. Foram bem claros ao mencionar “façam como a NIKE faz, paguem a taxa e o evento passará pela Imigrantes”. Em 2013 o CicloBR não organizou a RMP em um passo de boa fé pela mesa de negociações que a Defensoria Pública comanda, ao mesmo tempo em que a Ecovias entrava com processo em Cubatão e um juiz emitiu um interdito proibitório ao CicloBR com a multa de R$ 300.000,00 se houvesse desacato ao interdito. Isso aconteceu mesmo depois que o CicloBR havia publicado que não organizaria a RMP naquele ano.
Surgiu a ideia de fazer uma pedalada por um trecho curto que passaria pelo inicio da RMP, entraria em São Bernardo do Campo e voltaria para São Paulo pelo recém formado Polo Ecoturistico do Extremo Sul de São Paulo, sem ir até Santos. Mas depois de uma reunião realizada no dia 09/12, ontem de manhã, onde estiveram presentes a CET, GCM Ambiental, Polícia Militar e representante da Prefeitura de São Paulo, recebemos mais uma negativa. Agora da Polícia Militar que alegou que não tinha sido avisada e que não tinha condições de dar segurança para os ciclistas no trecho do Grajaú. A PM havia sido avisada, até mesmo pela Prefeitura de São Paulo. A Polícia Militar ameaçou entrar com uma representação no Ministério Público para barrar com uma nova interdição proibitória.
Com tantas negativas de órgão ligados ao Governo do Estado resolvemos cancelar a Rota Márcia Prado 2014 para preservar o Instituto CicloBR.
A nossa principal luta é oficializar a Rota Márcia Prado em definitivo para que o ciclista possa ir para o litoral sul do Estado de SP de forma legalizada, sem “jeitinho”, com segurança, o ir e vir como todo cidadão, exercendo seu direito básico garantido em constituição. Algo que não é possível nos dias de hoje. Temos apoio da Fundação Florestal, que administra o Parque Estadual Serra do Mar e de todas as cidades que são cruzadas pela Rota Márcia Prado. Falta apenas o Governo do Estado perceber que existe uma enorme demanda, visto que em 2012 foi provado isso com a presença de 9500 ciclistas contados na passagem pelo Parque da Serra do Mar, todos em paz, muitos pela primeira vez, querendo ver a maravilha que é a região e que pode ser feita ao modo de cicloturismo, que pode ser explorado e atrair pessoas do mundo todo para visitar o Estado de São Paulo.
Nossos esforços não foram reconhecidos, estamos há 6 anos na tentativa, mas nada acontece, nenhum passo do governo estadual.
Agradecemos muito a todos que apoiaram e que ainda tem esperança que um dia não vamos mais ter a vergonha de não poder transitar numa rodovia montado numa bicicleta. Pedimos sinceras desculpas à Secretaria do Meio Ambiente de São Bernardo do Campo que prontamente nos apoiou quando mostramos o projeto e que teve hoje que desmontar a operação que já estava em andamento para receber os ciclistas na região.
Pedimos a jornalistas, ciclistas e interessados em verdades, que leiam o texto do Odir (aqui), vai esclarecer muita coisa do que acontece.
E por fim, lembre, ir de São Paulo a Santos em sua bicicleta é um direito seu. E essas pessoas estão tentando de todo jeito impedir que você o exerça.