Quando não tem bike, vai na corrida amiga
Neste feriado fui para Sorocaba, uma cidade linda com diversos parques, praças e ciclovias para todo lado. Tanto é que sempre me surpreendo pedalando por algum trecho novo.
Neste feriado fui para Sorocaba, uma cidade linda com diversos parques, praças e ciclovias para todo lado. Tanto é que sempre me surpreendo pedalando por algum trecho novo de ciclovia ou com algum espaço público. Acontece que neste feriado estava sem minha bicicleta e a rotina de deslocamento foi na base do motorizado. Quem pedala sabe quão agoniante é essa carrodependência temporária.
Eis que em meu segundo dia na cidade resolvi adotar um meio de deslocamento diferente – a corrida. Correr tem sido uma rotina semanal nos últimos meses em São Paulo, principalmente como exercício físico e mental. Mas me lembrei do que Renata Falzoni disse uma vez em seu prefácio no livro “No guidão da liberdade” de Antônio Olinto, que para se conhecer de verdade um território deve-se ir a pé, ou no máximo de bicicleta. Então adotei o conselho dela para conhecer um pouco mais de Sorocaba e de tabela gastar a energia acumulada nas comilanças da Páscoa.
Correr pela cidade foi uma experiência única. Logo na primeira reta encontro meu cunhado que passou de carro e me reconheceu correndo – algo que ocorre constantemente quando pedalo em São Paulo, pois de bicicleta (e agora constatei que a pé também) estamos mais expostos a gerar boas coincidências.
Em seguida me lembrei do conselho de minha esposa de que havia um parque linear que corria em paralelo a avenida principal perto de onde estávamos hospedados. Não sabia muito bem como chegar, mas minha curiosidade me levou até lá quando vi uma calçada jardinada que saía de trás de uma concessionária (que simbólico, não?) e dava para uma viela sem saída com uma floresta densa no final. Não deu outra, atravessei e cheguei ao Parque Miguel Gregório de Oliveira.
O parque era uma mistura de floresta densa de Mata Atlântica, com formações rochosas que lembram vagamente o Central Park de Nova Iorque e um córrego com aquelas passarelas que parecem de filme de romance. Me dei conta depois que não fazia muito tempo que aquela região era um esgoto inabitável.
O fim do parque me levou de volta à avenida principal e já fui seguindo o caminho de uma ciclovia que animaria qualquer fanático pela bicicleta. Melhor ainda quando vi que era um espaço aparentemente bem compartilhado com pedestres.
Da ciclovia me conectei com outro parque, este também extasiante. Era o jardim japonês da cidade, uma vegetação e arquitetura que remetia um cenário oriental e novamente o córrego exposto que, tempos atrás era um esgoto a céu aberto.
Termino meu passeio em uma padaria tradicional da cidade para um café da manhã (como é bom comer por necessidade e não só por gula) e com uma certeza – a corrida pode ser sim uma forma de deslocamento. Era lazer? Sim, mas tenho considerado ir ao trabalho nessa modalidade e ainda vou experimentar. Além do mais, você não diferencia se você é motorista de lazer ou “urbano” caso use o carro para ir ao shopping ou ao trabalho, certo? Por que fazer essa distinção no caso da corrida ou mesmo do uso da bicicleta? De toda forma, a corrida serve para as duas finalidades e tem um projeto recém-lançado que vai te ajudar a abrir a mente sobre isso.
Conheça o Corridaamiga
O que me trouxe a essa nova forma de se deslocar pela cidade foi o projetoCorridaamiga. Trata-se da inspiração de uma amiga de faculdade, a Silvia Cruz, que voltou da França com a prática de usar a corrida até mesmo para se deslocar entre cidades e queria trazer a proposta para o Brasil. Para isso ela se baseou no “modelo” do Bike Anjo, em que pessoas podem se conectar por meio de seu site para correrem juntas e trocar dicas e experiências de como adotar isso como forma de deslocamento pela cidade.
E agora me orgulho em dizer que sou um voluntário do Corridaamiga! Por que? Bom, depois de tudo que passei em Sorocaba não tinha como não me empolgar com a ideia de repassar essa vivência para mais pessoas.
Vai uma Corridaamiga aí?