Estar mal vestido e ter "cara de presidiário" rende apreensões polêmicas de bicicletas em São Paulo
Com um cenário preocupante e ocorrências crescentes de furto e roubo de bicicletas, principalmente na capital paulista, o 3º Distrito Policial, no bairro Campos Elíseos, adotou uma estratégia polêmica
Com um cenário preocupante e ocorrências crescentes de furto e roubo de bicicletas, principalmente na capital paulista, o 3º Distrito Policial, no bairro Campos Elíseos, adotou há pouco mais de um mês uma estratégia polêmica para tentar coibir os delitos: cerca de 20 bicicletas já foram apreendidas das mãos de ciclistas que não portavam a nota fiscal do veículo.
Reynaldo Berto
Estar mal vestido e ter “cara de presidiário” rende apreensões de bike em São Paulo
A alegação para o recolhimento das bicicletas vem de critérios visuais utilizados pelo delegado titular do DP, Arariboia Tavares, que afirma saber reconhecer suspeitos que tenham padrões de aparência como “estar malvestido”, “com dentição podre”, “cara de presidiário”, “tatuagem de cadeia” e outros sinais que dêem indício de que a pessoa fuma maconha ou “é desocupada”. Apesar de haver bicicletas visadas e de alto custo como das marcas Specialized e Giant, a maioria dos modelos recolhidos é simples.
A chamada presunção da inocência (termo jurídico que significa que a pessoa é inocente até que provem o contrário, no caso de não haver flagrante) não vale no 3º DP, onde o sujeito que teve sua magrela apreendida pelas autoridades precisa comprovar que não roubou o veículo. Para isso precisa apresentar a nota fiscal, fotos ou outros indícios de que a compra da bicicleta foi dentro da lei. Já quem teve sua bicicleta roubada pode comparecer à delegacia, apresentando a nota fiscal e também fotos ou uma descrição que bata com o veículo subtraído.
Com a medida, a corporação pretende coibir o furto e roubo de bicicletas e também de celulares, os quais o delegado afirma serem cometidos por assaltantes em bicicletas. Em suas investigações, que contam com dois outros investigadores encarregados da tarefa, a polícia também utiliza o site www.bicicletasroubadas.com.br, iniciativa da sociedade civil que reúne, em um banco de dados, informações de usuários que tiveram suas bikes levadas.