Saudades do country paulista
Motivos não me faltam para não participar de competições de Mountain Bike. O principal deles é a pressa. Não gosto de apenas passar pelos locais por onde pedalo.
Motivos não me faltam para não participar de competições de Mountain Bike.
O principal deles é a pressa. Não gosto de apenas passar pelos locais por onde pedalo. Além de me exercitar, meu prazer no ciclismo consiste em saborear cada centímetro pedalado, a paisagem, os cheiros e principalmente a cultura, a arquitetura, a fauna e a flora locais.
Desde sempre, pedalar para mim é como impulsionar com os pés a moviola de um filme 3D de 360 graus, onde eu faço parte do roteiro.
Portanto as competições, no formato como elas são, não me atraem. Elas não são para a esmagadora maioria dos ciclistas, aqueles que têm vocação de cicloturistas.
O que me levou a pedalar a primeira etapa do GP Ravelli 2014 foi a região. Pedalo por Itupeva desde os anos 70. Na época era estudante de arquitetura e já circulava acompanhada de uma cadelinha pastora alemã, a Tiata.
Foi por essas trilhas que na década de 80, ensinei a minha filhota Tatiana a arte do MTB e no início dos anos 90, com o Night Biker’s Club, levamos mais de 500 ciclistas em vários eventos de cicloturismo.
Larguei o GP Ravelli com a categoria Pró e com menos de 5 minutos de pedal, já não havia mais ninguém ao meu lado. Rodei os 45 km só, debaixo de um calor bem forte, conversando com os demônios.
A primeira esrada em terra ladeou a margem direita do Rio Jundiaí, onde antes havia uma Mata Atlântica original. O Rio está menos poluído do que na época e a mata está sendo tomada por loteamentos diversos.
Cortamos o Bairro de Mont Serrat, onde uma terraplanagem agressiva expõe a Casa da Fazenda Mont Serrat do século 17 ao risco de desmoronar-se.
Um estudo feito por Renato Tartália, sobre esse Casarão está sendo analisado no Condephaat, mas até hoje nada. É cansativo remoer-se de tristeza ao testemunhar os atentados aos nosso patrimônio histórico.
Poucos km depois e ingressamos na Trilha do “Chupa Cabra”. Uma subida forte, curta, técnica, ainda em Mata Atlântica, que sai no loteamento Horizonte Azul, para mim novo.
Outra trilha e chegamos a subida da Gruta do Quilombo. Essa região ainda está relativamente preservada e bonita. Adorei rever os escaninhos de Itupeva e Indaiatuba. Feliz.
Com um sol de arrebentar o coco finalizei o circuito após 4 horas de pedal.
Acredito que uma categoria não competitiva estilo “Turismo Pró”, daria muito certo nas corridas em formato de Maratona. Bastaria para tanto, uma largada antecipada, pelo mesmo circuito “pró”, porém bem sinalizado m todos os detalhes.