Manifesto em favor de ruas para dançar
Esse texto foi livremente baseado no Manifesto Futurista e na estupidez da glorificação da velocidade nas ruas das cidades e suas consequências, como bem ilustrado neste texto.
1. Queremos cantar o amor à alegria, a força da própria energia e a frugalidade.
2. A constância, agilidade e o vigor serão elementos essenciais de nossa poesia.
3. Até hoje a cultura popular tem exaltado a imobilidade passiva, a prostração e o falso. Queremos exaltar o movimento contínuo, a consciência do entorno, a cumplicidade, a plasticidade ao vento, a pedalada e o pé no chão.
4. Afirmamos que a magnificência das cidades se enriquece da retomada de uma beleza nova: a beleza da humanidade. Uma bicicleta sem adornos, que veste um ciclista e flutua pelas ruas… um veículo silencioso, que parece voar sobre o ar dos pneus, mais belo que a Nice de Samotrácia.
5. Queremos celebrar a humanidade firme no guidão, cuja haste suspensa parece imóvel ao mesmo tempo em que paira sobre o asfalto que escorre abaixo.
6. A poesia das cidades deve esbanjar entusiasmo, prosperidade e generosidade em aumentar a paixão por espaços sociais.
7. Haverá gente em cada rua. Os espaços dedicados as pessoas serão pensados como obras-primas. A poesia deve estar presente como um elemento unificador das rígidas estruturas urbanas de concreto que já sobrepujaram a humanidade.
8. Estamos na esquina de um novo século!… Por que haveremos de olhar para trás, se queremos transpassar as misteriosas portas de cidades possíveis? As cidades das máquinas morreram ontem. Vivemos já uma transição, pois criamos a noção de cidade para quem nela vive.
9. Queremos glorificar a vida humana – única função de uma cidade -, a autogestão, a inexistência de fronteiras, a harmonia entre indivíduos, as belas idéias pelas quais se muda o mundo em construções coletivas entre mulheres e homens.
10. Queremos reordenar as ruas, construir espaços de convivência, garantir a circulação harmoniosa das pessoas, garantir moradias, comida e toda a sorte de necessidades humanas nas cidades.
11. Cantaremos as grandes multidões que hoje lotam parques e áreas de lazer nos fins de semana, que anseiam por espaços agradáveis em seu dia a dia; cantaremos a maré multicor e polifônica da diversidade humana nas capitais modernas; cantaremos o vibrante fervor noturno dos restaurantes e bares com mesas nas calçadas repletos de pessoas que celebram: as estações de transporte público em funcionamento 24 horas, a moradia, o trabalho e diversão ao alcance de todos em bairros adequados a multiplicidade de usos. Pontes para pedestres e ciclistas transporem as barreiras naturais com tranquilidade e de maneira direta. Trens em que muitos possam se deslocar com conforto e celeridade para todos os cantos das cidades. Aeroportos integrados às cidades em que se possa partir e chegar do mundo de maneira integrada ao tecido urbano. Cidades em que fluxos e a habitação humana sejam mais do que modo de aferir lucro, e em que o êxtase carnavalesco seja apenas mais uma forma de festejar a vida humana nas ruas das cidades.
Esse manifesto se lança para que as ruas sejam mais festivas e que se possa ter no espaço de circulação das cidades a diversidade de usos que se fizer necessária. Usos viáveis somente com a diminuição na velocidade e no fluxo de veículos motorizados.
Basta escolher uma música e entregar-se à dança nas ruas.
Com David Bowie e Mick Jagger:
(vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=9G4jnaznUoQ)
Ou no original de Martha & The Vandellas:
http://www.youtube.com/watch?v=CdvITn5cAVc
Quem sabe até de skate nas ruas de Nova Iorque:
http://www.youtube.com/watch?v=2cF8oA0zn7A
Ou como um poste nas estradas francesas:
http://www.youtube.com/watch?v=uvYxXBMqEOM
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Esse texto foi livremente baseado no Manifesto Futurista e na estupidez da glorificação da velocidade nas ruas das cidades e suas consequências, como bem ilustrado neste texto.