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As "figuras" que de certa forma ganharam relevância e se tornaram fontes confiáveis para a grande mídia - repetindo um fenômeno muito similar que tem acontecido em outras cidades brasileiras.
Durante minha recente passagem pela capital gaúcha tive o privilégio de trocar muitas idéias com parte da galera que tem movimentado a cena da bicicleta de Porto Alegre, especialmente os mais ’empreendedores’, os que fazem ações diretas e os que geram conteúdos em torno da Mobilidade Urbana.
É sobre estes últimos que vou me ater nesse momento, as “figuras” que de certa forma ganharam relevância e se tornaram fontes confiáveis para a grande mídia – repetindo um fenômeno muito similar que tem acontecido em outras cidades brasileiras, inclusive São Paulo, onde o ciclista urbano se torna foco principal e grande “especialista” no assunto.

Aline Cavalcante em um encontro com jornalistas de Porto Alegre / © Aline Cavalcante
Tanto no caso de SP como em POA acontecimentos marcantes foram divisores de águas para isso acontecer. Na primeira, a morte da ativista Márcia Prado, em 2009, na segunda, o atropelamento coletivo protagonizado por Ricardo Neis, em 2011. Em ambos os casos, muita comoção, protestos, holofotes, mídia e, claro, desinformação generalizada.
As duas tragédias impulsionaram a aproximação irreparável da imprensa com o tema, gerando naquele momento uma “lupa de vigilância social” sobre a vida de quem antes era invisível para os olhos da sociedade.
Dentro das redações caóticas e frenéticas em busca do “furo do mês”, muitos jornalistas permaneceram (e permanecem até hoje) no limbo da superficialidade e do vazio, com coberturas rasas, acríticas e discussões que não levam a lugar algum – ou pior, que levam a impactos absolutamente negativos na vida dos mais “frágeis”. Foram publicadas muitas reportagens equivocadas que partiam de premissas erradas, mentirosas, cheias de ódio e preconceito contra o ciclista – o efeito na rua foi imediato.
Enquanto isso, por outro lado, um trabalho de formiguinha dos jornalistas-ciclistas-infiltrados, ia surtindo pouco a pouco um efeito que se tornou avassalador nas coberturas jornalísticas posteriores.
As redes sociais e a mídia alternativa (sites e blogs especializados pipocavam na internet) também temperaram esse caldo, escancarando a irresponsabilidade da grande mídia e invertendo completamente a lógica da vigilância que antes era sobre o ciclista-infrator-fora-da-lei-culpado-pela-própria-morte.
São vários casos onde associações, coletivos e grupos de ciclistas conseguiram repercutir negativamente reportagens de grandes veículos e provocaram retratações e/ou vexames públicos de jornais e de grandes nomes da comunicação. Teve até o caso de uma ciclista, amiga nossa, ganhar ação jurídica contra um jornal de grande circulação de SP por conta de uma galeria de fotos tendenciosa publicada em seu site.
Muitos desses casos podem ser lidos no blog Vá de Bike:
– http://vadebike.org/tag/imprensa-viciada
– http://vadebike.org/2009/04/como-estragar-uma-boa-noticia
A mudança radical de abordagem, discurso e pensamento também brotou dentro das redações: http://vadebike.org/2012/09/materias-positivas-sobre-bicicleta-tendencia-no-jornalismo
Em uma das minhas tardes inesquecíveis na VULP, o bici café mais legal de Porto Alegre, pude desenvolver esse assunto com algumas colegas gaúchas de profissão, entre elas, Évelin Argenta, da Rádio Gaúcha, a Priscila de Martini, da Zero Hora, Lina Colnaghi e Sabrina Silveira, que publicam a revista Velô, e Lívia Araújo, uma das colaboradoras do site Vá de Bike.
Como o “cicloativismo” poderia se aproximar ainda mais da imprensa e continuar pautando a mídia tradicional? Qual a importancia do jornalista ter acesso a boas fontes para construir um raciocínio coerente capaz de influenciar a opinião pública e as decisões políticas sobre a cidade?
O blog Vá de Bici, por exemplo, tem sido considerado hoje um dos principais canais de informação em Porto Alegre. Representantes do blog já foram, inclusive, contactados pelo próprio poder municipal para serem ouvidos e consultados em questões relativas aos ciclistas da cidade – é claro que isso não quer dizer necessariamente uma mudança de atitude real da prefeitura, mas certamente já sinaliza algumas possibilidades que antes eram inexistentes.
Por isso, deixo vocês com a fala da jornalista e editora do blog Na Bike, Sabrina Duran, durante o fórum “A Bicicleta em São Paulo”. Acompanhem a partir do 145’50”. http://camarasp.flashserverbr.com/9230

© Reprodução
Ajudar a sociedade, por meio da imprensa e formadores de opinião, a compreender a questão da bicicleta, são premissas básicas e fundamentais para transformar cidades, pessoas e, consequentemente, salvar vidas.
#Adoteumjornalista
A Transporte Ativo divulgou algumas dicas de como melhorar a relação entre quem busca promover a bicicleta e a mídia. Uma delas é simplificar seu uso, torná-la atraente, cotidiana, bonita e divertida, como faz o dinamarquês Mikael Colville-Andersen com o movimento mundialmente conhecido por “Cycle Chic“.
Adote um jornalista você também, faça ele se apaixonar por bicicleta! #Issomudaomundo