Falzoni: "Relaxa e deixe a bike nos unir"
Quem me conhece sabe que eu não vim a esse mundo para ser simpática, mas para ser autêntica e devido a essa característica eu pago um extremo pato.
Muitos foram os ressentimentos e críticas ao meu texto sobre o texto “Preconceito dos cicloativistas atrasa nossa luta”.
Quem me conhece sabe que eu não vim a esse mundo para ser simpática, mas para ser autêntica e devido a essa característica – da extrema autenticidade – eu pago um extremo pato, pois o brasileiro tem dificuldades em lidar com as opiniões “na lata”. Não me importo, essa é a minha vida.
Concordo que poderia naquele texto ter me aprofundado mais ao fato de que o Fórum Nordestino foi e sempre será um marco na história da luta do Nordeste – e também Brasil pois somos todos uma nação – pois antes de tudo ele deu um pontapé na autoestima de todas as entidades envolvidas.
Arte de Reynaldo Berto
O encontro dessas lideranças, sem estar ofuscada por ícones estrangeiros, criou um clima único de trocas de experiências, comparável ao que foi o Bicicultura de Sorocaba e os três primeiros Fóruns Mundiais, quando as lideranças de todo o Brasil solidificaram-se.
Extremamente bem organizado, um dos grandes diferenciais talvez tenha sido a abordagem – como nunca antes eu vi – sobre a questão de gênero. Diagnósticos perfeitos de toda a problemática da inclusão – ou exclusão – das mulheres.
Logo mais aqui no Bike é Legal, publicaremos a íntegra das palestras de abertura de Daniel Valença, da Ameciclo, e de Daniel Guth, da Ciclocidade.
As temáticas foram muito bem selecionadas: as bicicletas nas capitais, assim como no interior e na periferia; financiamento colaborativo; contagem, origem e destino; treinamento; recursos financeiros; Enfim, um mix perfeito com dicas do André Soares, da UCB, sobre como formar organizações, tudo coroado pela palestra “Para Além das Ciclovias” de Thiago Benicchio, do ITDP.
Por que digo coroado? Porque foi além dos problemas, foi uma apresentação de diagnósticos com os devidos conceitos de soluções e esse é o grande desafio: sairmos de um Fórum com “a luz no fim dos túneis” para além dos problemas levantados.
E é nessa temática que volto à questão dos preconceitos.
A esmagadora maioria dos que criticaram o meu texto anterior se fixaram nos diagnósticos apontando dedos aos problemas: “os ciclistas noturnos isso ou aquilo”; “o capacete isso ou aquilo”; “eles me expulsaram; “eles fazem a conspiração do medo” etc e tal, sempre tendo “eles” como um diagnóstico equivocado do problema.
Daí repito o que já escrevi: convido todos a fazerem um pacto, onde os mais esclarecidos, – no caso nós os cicloativistas – que pretendemos transformar a nossa sociedade usando a bicicleta como ferramenta, que elaboremos formas de como atrair esses ciclistas à nossa causa, pois não será da hostilização – mesmo que ela seja uma resposta a outra hostilização – que formaremos o que de fato necessitamos, que é uma imensa massa crítica unida pelo prazer e o direito a pedalar, com bicicletas, roupas e acessórios que quisermos, sem sermos vítimas de bullying.
Se nesse Fórum um dos diferenciais foi a discussão de gênero, uma das soluções que poderiam ter sido equacionadas teria sido como ir além destes problemas.
Assim, acabar com preconceitos e as decorrentes violências destes é uma tarefa que cabe a nós, que somos esclarecidos, assumir!