De Bicicleta Entre Berlim e Copenhague
Há tres dias estou pedalando pela antiga Alemanha Oriental, em direção a Copenhague. Essa é uma rota de cicloturismo que desde 2001 une as cidades que se levam a fama de serem as mais amigas da bike.
Há tres dias estou pedalando pela antiga Alemanha Oriental, em direção a Copenhague.
Essa é uma rota de cicloturismo que desde 2001 une as cidades que se levam a fama de serem as mais amigas dos ciclistas, “Bike Friendly Cities”, Berlim capital da Alemanha e Copenhague da Dinamarca.

Bicicletário que funciona e não estraga a bicicleta / © DaTela
Essa distinção “mais amigas dos ciclistas” é irrelevante, pois todo o trajeto é simplesmente um luxo. A Alemanha é um país que esbanja cidadania e meio ambiente.
Desde que saimos Paulo de Tarso e eu de Berlim, estamos ladeando canais e lagos, sempre por bosques de floresta nativa preservados. Até o momento já foram uns 180m km, longe, muito longe mesmo do convívio com carros, sendo que não vi uma única garrafa PET no chão ou na água. Nenhuma embalagem sequer, é impressionante. Não vi nenhum tipo de lixo ao léu, nenhum papelzinho por mais besta que fosse! E olha que quem pedala vê muito bem essas coisas pois está de olho no que passa pela frente!

Rota Berlim Copenhague começa no centro histórico de Berlim / © DaTela
Cheguei no aeroporto de Berlim e lá mesmo montei a minha bicicleta. Antes mesmo de eu buscar um destino para a caixa de papelão que eu iria abandonar, passou um gentil catador oficial, em um mini caminhão, recolhendo o material reciclável e levou a caixa.

Ciclista carteiro em Berlim / © DaTela
Hoje pelo caminho, reparei que era o dia da colheita do material reciclável. Estavam lá limpinhas, dobradas e ensacadas, as embalagens para serem recolhidas e com certeza serem de fato recicladas e não lançadas ao lixão como acontece em SP com a colheta do material que iria para a reciclagem.
Nos hoteis, não importa a categoria, não há embalagem de shampoo individual, ou sabonetinho ensacado. O produto está líquido a granel, em uma embalagem na parede, o sal é no saleiro mesmo, se quiser um saco plástico vai ter que buscar um, pedir, procurar pois eles não estão de bobeira para irem parar no lixo, na rua.
Em muitas lojas é fácil descartar pilhas e baterias e por aí vai.
A arquitetura da Alemanha Oriental é bem diferente da Ocidental, mas o primor no cuidado dos jardins, das flores, dos muros é o mesmo. O povo cuida, é caprichoso.
Quem acha que é fácil encontrar quem fala ingles na Alemanha é porque não conhece o pais por dentro.
Como todo povo, os alemães do norte falam mal dos do sul, e vice versa, mas é curioso como eles reagem quando eu, aqui no norte, saio a defesa da turma do sul… hehehehe, ou mesmo quando mostro a eles a maravilha que é o meu microfone alemão Seinheisser, que tem cara de brinquedo de tão pequeno, e que é melhor que muito microfone profissional por aí!
Dá gosto de ver o que os alemães são orgulhosos de serem organizados, técnicos e bons de mecânica. Os detalhes fazem a diferença, desde uma ferramenta especial para espremer um limão sem se sujar, até rodar em bicicleta quilômetros e quilômetros sem nunca ter que subir uma guia sequer…. (as guias por onde passam ciclistas ou pessoas são 100% rebaixadas).
Regras aqui são para serem cumpridas e ponto.
A cicloviária é totalmente segregada. O povo não é muito adepto a partilhar rua. Lugar de bicicleta aqui é na ciclovia, na cicloestrada ou na calçada. Se o ciclista estiver na rua, nem sempre o motorista é gentil. Essa arrogância faz arte do modal e não da nacionalidade.
Walt Disney retratou muito bem naquele cartoon do Pateta, impecável como (aqui a excessão confirma a regra) o motorista tende a ser um ser agressivo quando ao volante.
Mesmo assim o nível de estresse nas ruas aqui é mínimo!

Idosos só vão de bicicleta e não são nenhum ET / © DaTela

Ciclista guia de turismo em Berlim / © DaTela

Estrutura exclusiva a pedestres e ciclistas / © DaTela

Cicloestradas entre Berlim e Copenhague / © DaTela

Cicloestradas entre Berlim e Copenhague / © DaTela