Bicicletas compartilhadas de São Paulo catapultam sinalização da ciclorrota
A exemplo do Rio de Janeiro, o sistema de bicicletas compartilhadas chega a cidade de São Paulo. A princípio ao bairro de Vila Mariana e logo mais para outras regiões...
Renata Falzoni
sinalização das ciclorrotas
A exemplo do Rio de Janeiro, o sistema de bicicletas compartilhadas chega a cidade de São Paulo, a princípio ao bairro de Vila Mariana e logo mais para outras regiões, inclusive Zona Leste nas imediações do Itaquerão. É o Bike Sampa, patrocinado pelo Banco Itaú, no formato de sucesso da Cidade Maravilhosa.
Serão ao todo 300 pontos com 3 mil bicicletas, divididos em 3 etapas, a serem implantadas em 3 anos, priorizando locações próximas a escolas, estações de Trem e Metrô e pontos de ônibus.
Renata Falzoni
sinalização das ciclorrotas
Renata Falzoni
sinalização das ciclorrotas
Para essa primeira fase, serão mil bicicletas em cem pontos, na face sul do espigão da av. Paulista, margem direita do Rio Pinheiros contemplando os bairros de Brooklin, Jardins, Pinheiros a área mais nobre de São Paulo, justamente onde eu e milhares de ciclistas circulam todos os dias.
Área onde motoristas começarão a dividir as ruas com ciclistas de toda a ordem em ruas sinalizadas para tal.
A idéia é estimular as pessoas a deixarem seus carros em casa e combinar a bicicleta com o transporte público, isso chama-se intermodalidade e são vários os pontos positivos decorrentes:
As bicicletas saem a custo zero por 30 minutos. O usuário não tem que pagar pelo sistema, desde que entregue – ou troque – a bicicleta em 30 minutos. É claro que os primeiros 10 pontos com 100 bicicletas na Vila Mariana serão insuficientes para o início, mas o sistema será ampliado em 90 dias para os Jardins.
Ao se cadastrar pelo site http://www.bikesampa.com o usuário tem que deixar R$10,00 reais em caução, com um número de cartão de crédito. Esse dinheiro será devolvido caso o usuário não queira mais continuar cadastrado no sistema Bike Sampa.
Cada 30 minutos excedentes serão cobrados em R$ 5,00, uma medida cara para desestimular a retenção da bicicleta. Ela é para transporte e não lazer. Não serve por exemplo para aos domingos ir passear na ciclofaixa de lazer.
Essa medida força o uso para transporte e de quebra soluciona um conflito de interesses. No caso o Itaú com o sistema Bike Sampa e o Bradesco com a Ciclofaixa de Lazer.
Outro ponto mega positivo é a sinalização da ciclorrota. O que nos custou 20 anos para sair do papel, que é a sinalização das rotas dos ciclistas pela cidade, está sendo implantada a toque de caixa literalmente, impulsionada pelo sistema Bike Sampa.
Faz uns 20 anos, foi apresentada a Secretaria de Transportes a Ciclo Rede, um mapa da cidade, com as rotas favoráveis a circulação de ciclistas, longe de avenidas e zonas de conflitos com motoristas. A Ciclo Rede nunca saiu do papel, na real ela foi totalmente ignorada pelas autoridades da CET e Secretaria de Transportes da época. Foi uma iniciativa do Projeto Ciclista da Secretaria do Verde e Meio Ambiente, apoiada pelos ciclistas urbanos.
Walter Feldman dias antes de sair da Secretaria Municipal de Esportes, contratou o Cebrap para mapear as rotas de ciclistas em São Paulo, leia aqui . O projeto quase foi para o vinagre na gestão do atual secretário. Agora esse novo mapa sai do papel, catapultado pelo sistema Bike Sampa.
O que nos custou décadas para ser levado a sério, agora sai literalmente a toque de caixa do papel, com tinta não resistente a ação do tempo, algumas bicicletinhas pintadas de cabeça para baixo, sem critério algum, mas enfim, vamos adiante com falhas.
No evento de lançamento do sistema, ao lado do Prefeito Gilberto Kassab, de Luciano Hulk o padrinho do projeto, de Angelo Leite da Sertel e de Zeca Rudge vice presidente do Itaú Unibanco; Marcelo Branco da Secretaria de Transportes apostou firme no transito partilhado nas ruas da cidade e não falou em rede de ciclovias e ciclofaixas permanentes nas avenidas de maior velocidade.
Veja a matéria de Felipe Meireles veiculada nos canais ESPN.
As bicicletas compartilhadas nasceram na Europa para dar aos pedestres mais autonomia de deslocamento.
O sistema de transporte público dessas cidades européias é integrado, funciona como um relógio e atende a uma única autoridade. Esta autoridade por sua vez tem autonomia para revitalizar o espaço público de acesso aos pontos de transporte público, em especial calçadas e rotas.
A circulação e acessibilidade dos pedestres é prioridade máxima, e para diminuir a pressão de passageiros de curta distância, as bicicletas compartilhadas são fornecidas a custo zero.
Isso tudo de forma integrada.
Bicicletas compartilhadas custam caro, assim importantes bancos estão bancando a necessidade nessas cidades. É uma forma de promover a sustentabilidade e a mudança de hábitos e de quebra expor a marca. Muito legítimo.
No Rio de Janeiro o sistema funciona porque as bicicletas estão integradas ao transporte púbico e a rede cicloviária que hoje é de 280 km com promessas de 300 km para até o fim do ano. 450 km para a Copa de 2014.
Em São Paulo a realidade é outra e o sistema Bike Sampa do Itaú tem tudo para dar certo, mesmo sem uma estrutura cicloviária. Nossa cidade é de longe a melhor cidade do Brasil para se partilhar as ruas. Nenhuma maravilha como nos países onde a impunidade não existe, mas pelo menos no centro expandido os motoristas tendem a nos respeitar sim.
O que é necessário é diminuir imediatamente a velocidade dos veículos motorizados nas ruas e efetivamente punir os poucos motoristas – em geral os profissionais – que fazem de seus carros uma arma.
A velocidade máxima nas ruas vicinais por onde passam as ciclorrotas não pode ser maior que 30 km/hora e em avenidas como Paulista, Berrini, Brasil, Faria Lima; 45 km/h já estaria de ótimo tamanho!
Todos saem ganhando!
Renata Falzoni
sinalização das ciclorrotas
Renata Falzoni
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