Cara de Pau da CET
No primeiro World Naked Bike Ride que houve no Brasil, em 13 junho de 2008, o André Pasqualini foi preso. Além dele, eu e vários outros cicloativistas estávamos ao seu lado, sem roupa.
No primeiro World Naked Bike Ride que houve no Brasil, em 13 junho de 2008, o André Pasqualini foi preso. Além dele, eu e vários outros cicloativistas estávamos ao seu lado, sem roupa, na avenida Paulista, pedalando na boa, desnudos frente ao escândalo que é a política pública de mobilidade urbana em nosso país.
Indecente!
Uma vez de posse dos dados de André Pasqualini, a CET lavrou uma multa contra ele, no valor de R$ 1 289,25 (um mil e duzentos e oitenta e nove reais e vinte e cinco centavos) a título de ressarcimento pelos custos gerados a ela, devido ao primeiro World Naked Bike Ride.
Veja bem, a CET multa um cidadão, alegando sem nenhuma prova, ser ele o organizador de um evento, o responsável pelo mesmo, cobrando-lhe baseado na Lei 14.072, de outubro de 2005, que autoriza a CET a “cobrar pelos custos operacionais de serviços prestados em eventos, relativos ao sistema viário”.
É hilário. Todos os dias em São Paulo, milhares de motoristas saem as ruas ao mesmo tempo, tumultuam o trânsito, fazem barulho, buzinam, poluem, atropelam, interrompem a fluxo de forma desordenada e a CET nunca saiu atrás de multar um único responsável por tanto transtorno.
Qual a lógica? Trânsito de carros pode de bicicletas não? A lógica é essa mesmo e se preciso for, ainda retiram calçadas, parques, alargam as ruas e as avenidas, unem um trânsito ao outro com pontes, viadutos e túneis por onde pedestres e ciclistas não podem circular.
Muita cara de pau e como a esmagadora maioria dos que tem poder para mudar não se enxergam a pé, ou de bicicleta, ou mesmo em um ônibus, trem ou metrô, porque somente andam de carro, o que eu escrevo agora passa apenas por uma alucinação de uma burguesa enlouquecida!
É uma cegueira de dar pena não se entender ou admitir que não há qualidade de vida em cidades cortadas por ruas e avenidas repletas de carros em alta velocidade, peidando veneno, matando gente em especial crianças, sujando tudo, ocupando todos os espaços, onerando a saúde pública, torrando grana. Isso é que é insustentabilidade!
Pior que isso é saber disso e não virar a mesa, o que ocorre com os nossos políticos que no fundo nada fazem pois não querem mesmo mudar. A CET é apenas um reflexo de uma política global do país, onde tudo pros ricos e nada aos pobres e pedalar e caminhar para se transportar “é coisa de pobre”.
Quanta pobreza de espírito!
Na hora dos votos promete-se mundos e fundos, na hora de cumprir, esconde-se atrás do insufilm de seus carros oficiais, pagos com os nossos impostos.
No bom humor, André propos o pagamento a CET em créditos de carbono, já que ele tem de sobra, pois só vai de bicicleta.
Claro a CET nem levou isso em consideração e na Bicicletada de março de 2009, logo depois do World Naked Bike Ride II que por sinal foi ótimo, uns 500 cicloativistas sairam pela cidade, desceram ao centro e defronte ao predio da CET, pagaram a dívida do World Naked Bike Ride I com cuécas atiradas pelo muro adentro e ainda de quebra grafitaram na calçada defronte ao prédio uma bicicletinha dessas que a turma tem pintado no asfalto, as ciclofaixas de SP.
Detalhe, a tinta usada é dessas que não sai nem a pau!
A multa expirou dia 26 de março e essa novela não deve parar por aí!
Essa histórtia toda eu perdi, pois estava na Africa do Sul na cobertura da Cape Epic, como vocês acompanharam.
Recomendo a leitura desse relato pelo próprio Pasqualini em seu site:
Tá com pressa?
Vá de Bike!
E bananas a CET!