Pedal Tortura: conheça essa corrida insana que ocupa SP
Em sua 3º edição, o Pedal Tortura subiu o Minhocão e promoveu uma grande festa durante toda a tarde. Muitos sprints e uma cidade mais humana
No último acesso do Minhocão, onde o elevado se encontra com as Ruas Amaral Gurgel e Consolação, um amontoado de bicicletas se destaca. A cor preta é predominante e eu quase me sinto mal por estar tão colorida. Sensação breve; passa assim que percebo que a festa é de todos, basta curtir a bicicleta em todas as suas formas e ocupar contente o espaço público.
Estou falando sobre o Pedal Tortura, que chegou a sua terceira edição nesse sábado quase chuvoso, em que as águas quiseram cair, mas que a pista só ficou molhado do suor dos mais de 120 participantes. Entre homens e mulheres, tinham ciclistas de todas as modalidade; fixeiros e bmxers eram a maioria, e o primeiro grupo levou a melhor tanto no masculino como no feminino, com exceção do primeiro colocado entre os homens: esse era um speedeiro.
As bikes de relação única para mim pareciam mesmo ter uma vantagem na explosão necessária para cruzar insanamente os 250 metros em linha reta, com uma leve altimetria, que delimitavam as corridas. Explico melhor: em uma sequência de baterias, os competidores largavam em dois ou três e quem cruzasse primeiro a linha de chegada passava para a próxima eliminatória. Estilo mata-mata mesmo.
Além dos ‘sprints’ absurdos que por si só já dão a cara e o nome do rolê, o clima da festa é o complemento especial, tanto quanto essencial. Uma vez que estamos falando de uma prova onde os pilotos são chamados por seus devidos números, seguidos de um carinhoso “lixo”; “lixo 1, lixo 100; lixo 2, lixo 99; lixo 3, lixo 97…”, assim convocava os competidores o divertido narrador, enquanto a música disputava a bateria da caixa de som.
Ocupamos tranquilamente o Minhocão por quase sete horas. Não houve brigas ou encrencas com a polícia, e a população que sempre curti o elevado como um grande parque linear, só teve mais uma opção de diversão caso chegasse ao final do Minhocão. Em resumo, foi mais uma demonstração do que a sociedade civil é capaz quando bem organizada e engajada.
Nesse meu primeiro Pedal Tortura, ficou o gosto de quero mais. Quero mais eventos como esse: totalmente horizontal e sem interesses além de curtir a cidade e ressignificar o espaço público.
O concreto do Minhocão agradece mais um final de semana sem carros, onde os passos das pessoas e os giros leves das rodas ativas conseguem deixar essa cidade mais viva.
Os melhores momentos do Pedal Tortura 2017 você confere nesse vídeo produzido e editado por Matheus Garagorry: