Estudo mostrará impacto da bike na saúde de ciclistas urbanos
Ciclistas são mais saudáveis? Quais os benefícios reais de praticar uma atividade física no caminho para o trabalho? Pedalar numa cidade poluída como São Paulo pode ser prejudicial à saúde?
Ciclistas são mais saudáveis? Quais os benefícios reais de praticar uma atividade física no caminho para o trabalho? Pedalar numa cidade poluída como São Paulo pode ser prejudicial à saúde? Essas são algumas das questões que um grupo de pesquisadores do Instituto do Coração (InCor) quer responder.
Murilo Azevedo
Preocupados com os efeitos da qualidade do ar em nossas cidades – segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), 7 milhões de pessoas morrem todos os anos no mundo por conta da poluição – , médicos do Hospital das Clínicas estão dando início a uma pesquisa que mapeará o perfil da saúde de quem usa a bicicleta na cidade de São Paulo.
O grupo de estudos foi nomeado “PEDAL”, um acrônimo para “Avaliação prospectiva das atividades diárias e estilo de vida dos ciclistas de São Paulo”, em inglês. Já se sabe que a prática regular de atividade física reduz os riscos de obesidade, hipertensão, diabete, infartos, mas a intenção é mapear os efeitos específicos da pedalada.
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Na primeira etapa do processo, o estudo coleta informações básicas de quem pedala na capital paulista para “identificar potenciais desafios a serem vencidos na convivência entre ciclistas, pedestres e veículos automotores”. Além disso, o grupo também fará um registro de acidentes e problemas médicos que possam ser consequência da prática do ciclismo.
Posteriormente, a ideia é coletar dados sobre poluição, tráfego e clima para entender melhor as consequências de pedalar com frequência na metrópole.
Para responder ao questionário e participar da pesquisa, acesse o site do projeto PEDAL.
Com cidade “doente”, prefeitura procura hospital
Além do estudo específico sobre os ciclistas, o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP também está preparando uma série de pesquisas que relacionam a mobilidade urbana à saúde de quem vive em São Paulo.
Na última semana, a prefeitura firmou um termo de cooperação técnica com o hospital para enxergar melhor os efeitos do trânsito e da poluição, tanto para a saúde de indivíduos, quanto em custos para o sistema de saúde pública.
“Como qualquer outro paciente, a cidade veio procurar o hospital. Quais são as doenças dela? Hoje ela está ‘desidratada’, com ‘obesidade’ e as ‘artérias’ não andam. Nós estamos falando de saúde, não estamos falando de trânsito. Estamos querendo incorporar a mobilidade como determinante de saúde”, explica o médico Paulo Saldiva, especialista em poluição atmosférica que lidera o grupo de pesquisadores da USP.
Murilo Azevedo
Especialista em poluição atmosférica, o médico Paulo Saldiva encabeça as conversas com a prefeitura
A intenção do acordo é extrair dados que possam quantificar os “lucros” da adoção de meios de transporte sustentáveis. Para o secretário de transportes da cidade Jilmar Tatto, “investir no transporte público ciclovias também é salvar vidas, é cuidar da saúde e do meio ambiente. Não é só um modal de transportes”.