Viu ciclovia apagada? Saiba por onde o programa Asfalto Novo vai passar e fique de olho
O número de ciclistas na cidade de São Paulo cresce mais que as ciclovias. Desde de o último quilômetro entregue na capital paulista nos últimos dias de 2016, quando o segundo trecho de ciclofaixa era implementada na Av. Marquês de São Vicente, os ciclistas passaram a se preocupar com a retirada das faixas vermelhas que cortam algumas ruas da metrópole.
Mais do que o sumiço temporário e sem aviso oficial de algumas estruturas, desde que a gestão Doria assumiu a prefeitura, a Companhia de Engenharia de Tráfego – CET realizou uma única manutenção em ciclovia; a requalificação do trecho entre a Rua São Bento e o Largo São Francisco.
Segundo dados da própria Prefeitura de São Paulo, as verbas para manutenção das estruturas cicloviárias dos anos de 2017 e 2018 somam 34,3 milhões de reais. E mesmo com tanto dinheiro disponível, os ciclistas dividem cada vez mais as ciclovias e ciclofaixas com buracos, lixo e motoristas. Outro dado preocupante é a queda no número de autuações feitas à motoristas que desrespeitam as vias exclusivas, segundo reportagem da Folha de São Paulo, os três primeiros meses de 2018 marcam uma queda de 40% em relação mesmo período do ano passado.
Os números preocupantes refletem o discurso da atual gestão de São Paulo em relação à política cicloviária que está sendo (re)desenhada para a cidade. Após a saída de João Doria, Bruno Covas manteve o discurso de retirada de ciclovias, e um novo plano para as faixas vermelhas vem sendo discutido sem nenhuma participação social de quem mais precisa das estruturas: os ciclistas.
A Câmara Temática de Bicicleta – CTB é um canal de diálogo entre representantes da sociedade e da prefeitura que existe dentro da Secretaria de Mobilidade e Transporte. Seu regimento prevê algumas reuniões contem com a presença do Secretário de Mobilidade e Transporte e também do Prefeito de São Paulo. Doria e Covas nunca estiveram presentes.
Em busca de informações sobre as intervenções nas ciclovias da capital, a Ciclocidade entrou com alguns pedidos através da Lei de Acesso à Informação – LAI. Um deles diz respeito ao número de manutenções feitas em estruturas cicloviárias e a resposta pode ser conferida aqui. As outras duas informações são sobre o programa Asfalto Novo, que vem cobrindo ciclovias e preocupando ciclistas.
De janeiro de 2017 a junho de 2018, dezenove trechos do programa de recapeamento passaram por ciclovias. Até agora, todas foram repintadas. A ultima LAI mostra outros 19 trechos que fazem parte do programa Asfalto Novo e também terão sua ciclovias cobertas.
“A informação, que já deveria ter sido publicada oficialmente, é para conhecimento dos ciclistas que usam essas ciclovias. O intuito é que a sociedade possa fazer esse controle e cobrança, caso alguma delas não seja repintada”, explica Flávio Soares. O coordenador do programa de segurança viária da Ciclocidade chama atenção para a informação sobre a única manutenção feita pela CET durante toda a atual gestão: “Isso é gravíssimo. A verba existe e não está sendo usada ”, adverte o ciclista.
Com esse cenário, a importância da Câmara Temática só aumenta, e seus representantes seguem tentando estabelecer um diálogo com a Prefeitura de São Paulo. Nesse sentido, uma carta foi enviada à prefeitura para lembrar novamente que diálogo com os ciclistas é fundamental, previsto em lei e deve acontecer antes de qualquer anuncio de nova política cicloviária para a maior cidade da América Latina.