Um caso na cidade de Natal-RN desperta a esperança na reeducação de trânsito e na justiça restaurativa. Uma tentativa de atropelamento seguida de confusão na Rota do Sol, em meados do mês de outubro, deu bons resultados dois meses depois quando um acordo judicial se mostrou muito mais eficaz do que um processo.

Motorista e ciclistas fazem ação educativa no trânsito de Natal/ © Reprodução Jornal RN

Tudo começou quando o motorista João Alberto perdeu a paciência no trânsito da Rota do Sol e invadiu o acostamento. O casal Valentina Damasceno e Daniel tentaram contornar o carro, e foi aí que o motorista acelerou o carro nos ciclistas e começou o bate boca.

Valentina abriu um Boletim de Ocorrência e quando este seguiu para o Juizado Especial Criminal lançou a proposta: trabalho comunitário. Ao todo, ela solicitou 100 latas de leite em pó para o “Desafio do Bem” que acontece na cidade, além de 10 kits de segurança básica com capacetes, luvas e luzes para ciclistas de baixa renda, além de 20 dias uteis de panfletagem em prol do respeito no trânsito na mesma região em que ocorreu a confusão. Vale dizer que os banners e os panfletos foram custeados pelo Seu Beto, como é conhecido na região.

Em entrevista ao Jornal RN, Seu João Alberto diz que aceitou na hora a proposta, pois no mesmo dia se arrependeu do ocorrido. “Eu estava com problemas pessoais. Estava nervoso e atrasado, mas nada justifica o que fiz”, falou o motorista ao jornal.

Valentina diz que a história acabou muito bem e que as manhãs no trânsito contando essa história e passando a conscientização sobre o respeito ao ciclista no trânsito só aproximou os três. O próprio João Aberto diz que não pretende começar a pedalar, mas que agora também milita na causa por uma trânsito mais inclusivo e respeitoso.

Esse caso, além de disseminar a cultura extra-judicial da mediação de conflitos que vem crescendo no Brasil para tornar a resolução de problemas mais rápida e menos custosa, é inédito no sentido de trazer a público a reeducação individual de um indivíduo que reconheceu sua imprudência e desrespeito no trânsito para com a vida de outras pessoas.

Assista a reportagem do Jornal RN. E vale também conhecer o trabalho da Associação dos Ciclistas do Rio Grande do Norte, que auxiliou em toda a resolução do problema.