Quando nada faz sentido, pedalar é um alívio
Nada como o final do ano. Esses últimos meses são sempre uma correria; finalizações de projetos, cansaços acumulados e aquele constante balanço do que passamos ao longo de mais um giro da Terra em torno do Sol.

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Particularmente, essa é minha clássica sensação quando o ano está chegando ao fim. Mas, 2017 é ainda mais especial. Sobretudo, porque esse é meu último ano de faculdade e além de estar entregando o famigerado Trabalho de Conclusão de Curso –um documentário com histórias de mulheres ciclistas -, está chegando ao fim a fase jovem-adulta na qual muito me identifiquei.
Sabe como é, né. Aquela fase que a gente trabalha, mas ainda não paga todas as contas. A fase que temos responsabilidade, mas também uma retaguarda forte para se algo não der tão certo assim. Essa fase que se deslocar de bicicleta é muito mais lúdico do que apenas ter um meio de transporte alternativo.
Na minha pedalada matinal de hoje a caminho do Bike é Legal, pensei muito sobre como é bom ter esses minutos de deslocamento para pensar na vida, ou não pensar em nada, só no giro dos pedais que se pararem eu caio. Ou melhor, se eu parar, eu caio. Presumo que a vida deva seguir nesse mesmo equilíbrio.
Eu tive medo quando pela primeira vez peguei uma bicicleta para chegar até o trabalho. São 40 minutos sem parar. E entre uma respiração e outra, hoje eu faço esse trajeto quase sem suar. Depois desses anos pegando o ritmo do pedal, eu já não me assusto com o calor forte, com a chuva ou até com as ladeiras quase intermináveis; começo elas com a certeza que tudo tem seu fim, inclusive a vida.
A vida que vivemos como crianças chega ao fim quando nas crises da adolescência nos vemos. A adolescência acaba quando a primeira opção não é mais ligar chorando para nossa mãe. A vida adulta começa quando o simples pedalar é um alívio na dureza do passar dos dias com as contas se acumulando.
Por vezes, a vida adulta acaba antes mesmo de darmos início a tão aguardada velhice. Assim foi com o amigo Drac. Virar adulto é aceitar tudo isso, até mesmo o fim.
Mas todo fim é um recomeço.
E entre tantas incertezas que me tomam nesse final/início de ciclo, eu tenho uma certeza: o movimento é cíclico como o girar das minhas rodas.