Teorias de uma ciclista: antecipando fechadas
Minhas experiências têm me mostrado que tem mais gente desatenta do que querendo machucar alguém de fato no trânsito. O que não deixa de ser um problema.
Há quase três anos, quando comecei a usar a bicicleta para me deslocar por São Paulo, cada pedalada era uma grande aventura. E é claro que elas não deixaram de ser, mas algumas coisas começam a se tornar corriqueiras e até mesmo seu jeito de pedalar vai se moldando pouco a pouco a forma como você lê e encara a cidade.
Na época, escrevia com frequência na coluna “Diário das Magrelas”, contando experiências de uma recente ciclista urbana. Com o passar dos meses foi esfriando, afinal nem tudo era mais tão espetacular. Mas se por um lado o deslumbre e os sustos se acalmam, a experiência e as percepções aumentam. Não sou nenhuma guru da mobilidade por bicicleta, e todo dia aprendo algo novo, mas resolvi compartilhar algumas teorias que tenho depois desses anos de pedal por SP. Assim estreio a coluna “Teorias de uma ciclista”.
Abrindo os trabalhos, gostaria de compartilhar com vocês a minha teoria de como antecipar finas. Aqui vale dizer que quando não estou desviando do trânsito (privilégio de quem vai em duas rodas), eu prezo por ocupar a faixa da direita. Ocupar mesmo! Assim, se um motorista quiser me ultrapassar ele terá de mudar de faixa, ou me dar uma fina na maldade mesmo, mas isso quase nunca acontece. Por mais motoristas maldosos que tenham nas ruas, eles não são a maioria.
Minhas experiências têm me mostrado que tem mais gente desatenta do que querendo machucar alguém de fato no trânsito. O que não deixa de ser um problema. Mas partindo dessa premissa, de que existem muitos motoristas desatentos, sempre tenho alguns comportamentos mais defensivos quando estou pedalando na cidade. Seta é um bom exemplo disso; o CTB determina seu uso, a boa convivência também, mas tem gente que dá a seta na indecisão e não na sinalização.
A minha dica é estar sempre atento ao fluxo que vem pela lateral (sem se desligar da frente e da traseira, é claro. Bike é de fato 360º). Repare que os motoristas tem uma condução que se reflete diretamente na fluidez dos movimentos do carro. Se ele estiver decidido a seguir em frente ele não só não dará seta, como manterá uma condução linear. Aqueles carros que se movimentam bruscamente são reflexo de um motorista no mínimo perdido.
Nessa hora H é preciso flexibilizar o que é direito para preservar a sua integridade. É chato reduzir e esperar para ver o que vai rolar, mas isso pode mesmo evitar uma grande fechada.