Dicas para criar uma Área de Proteção ao Ciclismo de Competição em sua cidade
As dicas são de Raphael Pazos, presidente da Comissão de Segurança no Trânsito do Rio de Janeiro, grupo responsável pelo projeto.
A lei que garante a criação de Áreas de Proteção ao Ciclismo de Competição (APCC) em diversas regiões do Rio de Janeiro foi uma grande conquista para os ciclistas cariocas, por essas áreas permitirem que eles possam treinar sem a preocupação de dividir a via com veículos durante um certo período, evitando a possibilidade da ocorrência de acidentes.

APCC Aterro do Flamengo – Circuito Pedro Nikolay / © Raphael Pazos
Para tentar ajudar interessados em implementar a ideia em sua cidade, o Bike é Legal conversou com Raphael Pazos, presidente da Comissão de Segurança no Ciclismo da Cidade do Rio de Janeiro (CSCRJ), o grupo responsável pelo projeto. Dessa conversa, tiramos algumas boas dicas:
A maior conquista da APCC para ele: “Foi unir as pessoas”. E essa já é uma das dicas que o ciclista oferece: “união”.
“Temos servidores públicos, advogados, agentes de limpeza, tem tudo que é ciclista dedicando uma parte do seu tempo para isso”, estas diversas pessoas a quem Pazos se refere, são os gestores das Áreas, eles funcionam como uma espécie de “ponte” entre os demais ciclistas e os órgãos públicos.
Outra dica é: “sentar com o poder público, fazer com que eles entendam as suas necessidades, eles são iguais a nós mas não sabem nossas necessidades, então, devemos levá-las à eles para ver o que podemos fazer juntos”.
“Todo esse trabalho é muito difícil e burocrático, mas vale a pena, pois tenho certeza de que devido às APCCs muitas vidas já foram salvas e muitos acidentes foram evitados”, disse Raphael Pazos, que além de presidente da CSCRJ, também é um dos gestores da APCC – Aterro do Flamengo – Circuito Pedro Nikolay.
De acordo com a lei municipal do Rio de Janeiro, as APCCs são espaços com um mínimo de um quilômetro e meio lineares em cada sentido, totalizando uma volta de no mínimo 3 quilômetros, cujo horário de funcionamento é das 4 horas da manhã até às 5:30 da manhã, período em que há a interdição do trânsito de veículos nesses locais.
Um pouco da história das APCCs
A ideia das APCCs tomou forma após o prefeito Eduardo Paes ter convocado uma reunião de emergência, em 1º de maio de 2013, devido ao atropelamento, e consequente morte, do ciclista Pedro Nikolay enquanto treinava em Ipanema. Na expectativa de buscar soluções para as mortes de ciclistas na cidade, o prefeito convocou para esse encontro, os presidentes das Federações de Thriatlon e Ciclismo do Rio de Janeiro e o secretário de transportes da cidade, Carlos Osorio.
A primeira atitude foi um decreto que determinou a criação da primeira APCC, no Aterro do Flamengo. Depois disso, pela possibilidade de um decreto poder ser revogado a qualquer momento, foi criado um projeto de lei – que determinava a criação de APCCs em diversas regiões da cidade – em parceria com a vereadora Laura Carneiro e sua equipe. Este PL saiu vitorioso de duas votações na Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Apesar disso, o prefeito Eduardo Paes o vetou alegando, entre outros fatores, “a implicação em inevitável aumento de gastos públicos”.
“Depois disso, tivemos uma audiência pública onde os ciclistas se fizeram presentes, e assim, derrubamos o veto do prefeito e a lei foi sancionada em março de 2014, ou seja, levamos 1 ano para efetivamente o projeto virar lei”, conta Pazos.
Atualmente, existem duas APCCs funcionando na capital fluminense, a do Aterro do Flamengo, de terça a quinta-feira, com uma volta de 7 quilômetros, na Avenida Infante Dom Henrique. E a do Recreio, na Praia da Reserva, com o nome de Circuito Guilherme Paiva – em homenagem ao ciclista morto após ter sido atingido por um carro enquanto pedalava na Barra da Tijuca -, funciona de segunda a quinta-feira, na Avenida Lucio Costa.