O Ciclista Mascarado é o novo livro do baterista Neil Peart
A lenda do Rock Neil Peart lança seu segundo livro. A obra conta sobre sua travessia de bicicleta pela África Ocidental e as contradições do país e do ser humano.
Gosto tanto de bicicleta, como gosto dos livros. E nessa imersão no mundo das duas rodas, procuro tudo que se relacione ao tema. Na verdade, não existe uma grande variedade de títulos, mas sigo lendo o máximo que encontro nas livrarias e no site da Amazon.
Neil Peart é compositor e baterista da banda The Rush, considerado por muitos da revista Rolling Stones o melhor de todos os tempos. Para os mais jovens: se trata de uma banda clássica de rock, uma das referências do estilo. Além disso, o batera é escritor e cicloturista. Talvez me falte ter umas aulas com as baquetas e deixar os cabelos crescerem (risos).
O livro conta sobre a travessia da África Ocidental por um grupo de quatro pessoas e seu guia. Diferente da obra “Mais que um leão por dia”, que cruza o mesmo continente, mas com uma infraestrutura de barracas e comida, Neil se adapta as condições que os locais oferecem a cada parada.
A realidade do país é a mesma: a falta de condições mínimas, os banhos tomados com duas conchas, a raridade de ter água corrente, a pobreza, o racismo, as formas que o povo encontra pra sobreviver, a instituição do suborno e da caixinha para as coisas acontecerem.
Neil Peart intercala momentos de alegria, com muito sofrimento. Escreve sobre as estradas de terreno acidentado sob o Sol escaldante e sobre sua adaptação a comida local, que lhe renderam muitas noites sem dormir.
Fora isso, como todo grupo de desconhecidos, ou poderiam ser até conhecidos, o convívio diário em situações extremas começa maximizar qualquer pequeno defeito do outro.
O baterista segue seu caminho alternando pedaladas, pensamentos do livro de Aristóteles que o acompanham nas horas vagas e a observação dessa cultura completamente diferente a que o canadense está costumado.
No capitulo final, há o enfrentamento do paradoxo entre a vida nas condições mais naturais e o materialismo e consumismo dos grandes centros, mas isso você só vai descobrir lendo 😉
Vale acrescentar que a carreira musical do autor quase teve fim quando perdeu sua filha em um acidente e sua mulher para o câncer. Ele chegou a declarar sua aposentadoria e escreveu na época outro livro, o “Ghost Rider – A Estrada da Cura”, no qual relata seus 90.000 km de moto sem destino, procurando algum propósito para preencher o vazio que a vida havia se tornado.
O início do livro demora um pouco pra te fisgar, pois é um diário que relata as paisagens e situações rotineiras, mas com o passar dos dias você acaba se envolvendo com os pensamentos, pessoas e situações, e nos sentimentos passeando pela África.