O Menino Do Vale Europeu: uma cicloviagem entre pai e filho de 11 anos
Primeiras fotos e texto da minha aventura com meu filho mais novo ao Vale Europeu, no Sul do Brasil
Final de ano, crianças de férias e o comunicado que esposa e filha tinham combinado de passar uns 10 dias fora. Sobramos, eu e o Dudu, o ano novo e algumas possibilidades que começaram a acender na cabeça.
Gosto de fazer cicloviagens que acabam por reorganizar algumas coisas básicas que acabamos nos esquecendo com o passar do tempo, e a opção de poder levar meu filho por 10 dias, pedalando pelo afamado Circuito do Vale Europeu, ficou irresistível.

Cicloviagem pelo Vale Europeu/ © Arquivo pessoal
A imaginação faz tudo parecer perfeito, mas existem alguns buracos na logística que precisam ser solucionados. O primeiro deles: Dudu não é nenhum super teenager condicionado. Como a maioria das crianças de 11 anos, o ipad, playstation e caçar pokemon são suas atividades rotineiras, então precisaríamos de um apoio, que gerasse conforto, mas que não quebrasse essa conexão da nossa viagem. Outro buraco era convencer ele.
O Vale Europeu é um dos roteiros mais tradicionais entre cicloturistas. Localizado no médio Itajaí, em Santa Catarina, os seus 300 km, e quase 10 municípios visitados, nos possibilita embarcar numa viagem cultural, gastronômica e com lindas paisagens de fundo.

Cicloviagem pelo Vale Europeu/ © Arquivo pessoal
Conversas em grupos me renderam a indicação de um guia da cidade de Timbó; fiz contato com um amigo e fechamos que eu iria com meu carro levando suprimentos, e ele nos seguiria durante o percurso. Quando o Dudu cansasse, entraria no carro e seguiríamos ao próximo destino, faltava convencer o moleque.
Aproveitei uma manhã que ele estava mais bem humorado e lancei o planejamento das sonhadas férias, mal acabei a frase ele respondeu que ficaria com a vó, usei recursos tecnológicos e mostrei a reportagem do Globo Repórter……nenhum esboço positivo, como último e derradeira cartada, quase apelando mesmo, usei o Beto Carrero, e prometi que no último dia levaria ele ao parque. Mesmo tendo pavor de montanha russa, isca lançada, peixe no anzol, dia 27 de dezembro seria a data da nossa partida, destino Timbó, 610 kms de São Paulo. A criança mais nova que completou esta rota tinha 11 anos, a mesma idade do Dudu.
Chegamos após 10 horas dentro do carro, moleque dormiu quatro e reclamou seis; fomos almoçar e buscar o passaporte no Thapyoca, ponto zero da jornada. Estávamos no pedaço alemão; a variedade das salsichas, a arquitetura alemã e a quantidade de cervejas e chopps deixam claro isso. Na manhã seguinte o destino seria Pomerode, a cidade mais alemã do Brasil.
Um dos objetivos dessa escolha são os ensinamentos que uma cicloviagem nos permite: a organização pessoal, horários, planejamento, metas, entre tantos outros. Então: alarme para as seis da manhã, afinal o sol estava escaldante. Pontualmente, o sino da igreja em frente chacoalhou todo o hotel, entendi que não seria necessário a musiquinha do celular.

Cicloviagem pelo Vale Europeu/ © Arquivo pessoal
Trocados, café da manhã, protetor, repelente, cumprimentos ao nosso guia e partimos para os primeiros 45 km da nossa aventura. Logo de cara uma cachoeira nos fez parar e mergulhar num ofurô natural, mais pra frente uma cervejaria artesanal, com o mestre cervejeiro vestido a caráter, parada em uma casa de bolos, as famosas cucas alemãs, uma dura subida (Dona Carolina) e seguimos até o destino final do dia, a pousada Max.
Ao final do dia, olhei satisfeito para o Dudu, e ele só queria ligar para a mãe, próximo artigo continuaremos passando da parte alemã para a italiana e mais histórias de um pai e um filho pelo Vale Europeu.