Pedalando pelo Brasil, cicloturista se assusta com desmatamento e animais mortos nas estradas
Piauí já pedalaou mais de 4 mil Km da sua segunda grande cicloviagem. E nesse caminho, o ciclista mais hippie do Brasil conheceu amigos na estrada e segue descobrindo um Brasil que ninguém vê
O celular vibrou e na tela apareceu: “Essa minha viagem está muito legal o povo por onde eu passo tem sido muito bom comigo”. O remetente era Antonio Silva, um velho conhecido dos paulistanos, o famoso Piauí. Há exatos três meses, o ciclista mais hippie desse Brasil subia em sua simples Caloi para uma viagem de quase cinco mil quilômetros com destino a Boa Vista, município do Estado de Roraima.
Até aqui, ele já pedalou por pelo menos 4.000 quilômetros, como mostram as dezenas de relatos no seu canal de Youtube. Em pouco mais de 90 dias, Piauí já passou por muitas estradinhas de terra, conhecendo as famílias que vivem na beira da estrada e tiram dali seu sustento.
Depois de denunciar o trabalho escravo e a prostituição infantil, tristes realidades que ele viu de perto em sua primeira cicloviagem, o piauiense agora expõe o gigantesco desmatamento que a Amazônia vem sofrendo. Em seus vídeos, Piauí fala sobre o corte da mata nativa para a plantação de eucaliptos e a criação de gado, e lança a provocação: “Seu churrasco vale mais que a Amazônia?”
Também em decorrência do acelerado desmatamento, que deixa sem habitat diversas espécies nativas, o ciclista também lamenta a grande quantidade de animais silvestres mortos por atropelamentos nas beiras das rodovias.
Em contrapartida, os “Relatos do Piauí” também apresentam as realidades das pessoas que transformam pequenos pedaços de terra em significativas plantações ecológicas, que respeitam a biodiversidade local, e conseguem ser fonte de alimento para toda a família. Veja no vídeo abaixo, o pequeno agricultor de beira de estrada que Antonio Silva conheceu:
Antes de partir da Avenida Paulista, seu local de trabalho e ativismo, Piauí conversou com o Bike é Legal para contar suas expectativas para essa que é sua segunda grande cicloviagem de 2016. O que talvez nem mesmo esse maluco esperasse era encontrar nas rodovias do Brasil – as famosas BRs – tantos amigos; pessoas que mais do que recebê-lo com alegria, seguiram pedalando com ele.
“Nós malucos de BR não somos considerados ciclistas, talvez por não ter bicicleta cara ou porque não andamos vestidos como ciclistas, mas nós atravessamos o Brasil em cima de bicicleta”, escreveu o ciclista em outra mensagem.
A cerca de 600 km do seu destino final, Piauí segue conhecendo pessoas para quais o relógio tem outra cadência. As horas marcam o tempo entre uma refeição e outra, a vida brota a beira da estrada e a bicicleta é que leva para o próximo passo.