Motorista que atopelou dezenas diz que ciclistas “assumiram o risco da desgraça”
Responsável por um crime de trânsito que chocou o país, o bancário Ricardo Neis diz que agiu em legítima defesa e que os ciclistas assumiram o risco de morte no atropelamento em Porto Alegre, cinco anos atrás. O motorista avançou em alta velocidade sobre a Massa Crítica, manifestação que pede mais segurança para quem pedala, passando por cima de dezenas de pessoas e deixando 17 feridos.
“Assumiu o risco quem organiza o evento, né? Eu não organizei o evento, não sabia. Quem organizou sistematicamente aquele evento infringindo a lei de trânsito e de manifestação sem avisar é a Massa Crítica. Se alguém assumiu risco por acontecer uma desgraça ali foram os organizadores”, disse em entrevista ao SBT, a primeira após virar réu no caso que se arrasta na Justiça há cinco anos e nove meses.
Veja a entrevista no vídeo:
Na próxima quarta-feira (23), o julgamento terá seu dia chave, quando o motorista vai a júri popular, respondendo por 11 tentativas de homicídio e 5 lesões corporais – depois do atropelamento, ele ficou preso por 35 dias e está solto desde então.
Perguntado sobre arrependimento, Ricardo Neis vai mais longe: “Me arrepender do que exatamente? Eu me arrependo de não ter ficado em casa com meu filho. Eu poderia ter morrido.”
A defesa segue a tese de que Ricardo teria sido agredido por manifestantes antes de atropelar a todos. Não foram encontradas testemunhas que corroborem a tese.
“Eu não vi outro jeito. A situação que eu vi ali era de risco de vida. Eles começaram a quebrar o carro. Primeiro o espelho e o passo seguinte seria quebrar o vidro do lado do meu filho. Eu sou inocente. Eu nunca tentei matar ninguém. Muito pelo contrário; a maneira como eu fugi dali foi a maneira como eu consegui minimizar o dano. Eu tive alguns segundos para tomar a decisão. Se teria acontecido alguma coisa pior ou não, eu não sei. Eu sei que eu e meu filho estamos vivos. Poderia não estar”, disse Ricardo Neis.
Relembre o caso e veja o comentário de Renata Falzoni sobre esse crime de trânsito: