SP: Pesquisa mostra que chegar desarrumada é o menor dos desafios para mais mulheres pedalarem
Saber os motivos pelos quais mulheres representam seis, ou menos por cento, dos ciclistas urbanos é a chave para melhores políticas de incentivo ao uso desse importante modal ativo
Seis por cento é a média de mulheres dentre os ciclistas da cidade de São Paulo. Esse número já foi pior, mas apesar de apontar para um cenário de crescimento das mulheres em bicicleta pelas ruas, ainda é um índice muito baixo.
Saber os motivos pelos quais mulheres representam seis, ou menos, por cento dos ciclistas urbanos é a chave para melhores políticas de incentivo ao uso desse importante modal ativo. Nesse sentido, o GT de Gênero da Ciclocidade se debruçou por diversas questões que levam ou afastam as mulheres do pedal, realizando uma pesquisa com 334 mulheres, sendo 128 ciclistas e 206 não-ciclistas.
A partir dos dados manipulados pela Associação dos Ciclistas Urbanos de São Paulo, em seus mais de 30 recortes, o Bike é Legal destaca alguns pontos dessa inédita e importante pesquisa. Confira abaixo algumas análises, todas acompanhadas do gráfico completo:
Motivações e medos
A rapidez, a promoção da saúde e a economia são as três principais motivações das mulheres que optam pela bicicleta como meio de transporte em SP. Juntas, somam 59% do principal motivo para mulheres pedalarem. Já entre as não-ciclistas, o risco de colisão, queda ou atropelamento é um impeditivo19 pontos maior (21%) do o receio de chegar desarrumada ou suada (2%).
Desafios da cidade
Reafirmando a importância de um trânsito seguro para atrair mulheres em bicicleta para as ruas da cidade, o principal desafio enfrentado pelas mulheres que pedalam é a falta de respeito no trânsito, que gera medo de compartilhamento da via. Entre as mulheres não-ciclistas, o transporte público lotado é o principal desafio para 27% das entrevistadas.
Onde mulheres se sentem mais seguras
Um trânsito calmo e seguro é sempre o principal objetivo daqueles que trabalham por uma cidade mais humana. Mas para além de um compartilhamento saudável, que depende do respeito dos motoristas, estruturas específicas para o deslocamento de ciclistas atraem mais mulheres. No gráfico acima, é possível observar como a sensação de segurança cresce nas ciclovias e ciclofaixas.
Comportamento
Um dos recortes mais interessantes da pesquisa é sobre o comportamento das mulheres que já pedalam e o que as que não pedalam imaginam que teriam ao pedalar. Enquanto 51% das não-ciclistas pretendem ser muito cautelosas, apenas 12% das mulheres que já pedalam tem um comportamento de excesso de cautela. Quando a medida é ser destemida, há um aumento de 24 pontos percentuais das mulheres que não pedalam para as que já pedalam. O comportamento mais equilibrado, de cautela, também aumenta na prática do pedal, subindo de 25 para 56% entre ciclistas. A bicicleta empodera mulheres!
Quantos dias da semana mulheres pedalam
Em setembro de 2015, a Ciclocidade realizou uma pesquisa sobre o perfil do ciclista paulistano. Na época, homens e mulheres que pedalam em SP foram entrevistados, e dos números obtidos pela pesquisa que pode ser conferida aqui, é que 70% dos ciclistas pedalam ao menos 5 dias da semana. Nesse sentido, a pesquisa sobre os desafios das mulheres em São Paulo, levantou que 59% das ciclistas mulheres também pedalam pelo menos cinco vezes por semana.
Renda das mulheres que pedalam
A maioria das mulheres que pedalam em SP, tem renda entre um e dois salários mínimos.
Faixa etária
Grande parte das mulheres que usam a bicicleta como meio de transporte em SP, tem entre 20 e 39 anos.
No Dia Internacional da Mulher, Renata Falzoni e Murilo Azevedo gravaram uma matéria especial sobre as mulheres que pedalam. Confira a vídeorreportagem: