A experiência de pedalar uma prova pela Marginal Pinheiros sem carros
No último domingo, São Paulo recebeu a Gear Up Challenge, uma prova de ciclismo ecom opções de 20, 40 ou 80 km. Um evento como esse, para quem gosta de bicicleta, ciclismo de estrada e esportes, é muito importante para que se ganhe visibilidade. Pelo número de participantes, é possível mensurar o mercado potencial e surgimento de novos investidores, fazendo o número de praticantes aumentarem cada vez mais.

Ricardo Gaspar / © Arquivo Pessoal
O segmento das provas de corrida cresceu muito por esse formato e hoje temos inúmeras provas de rua nesse estilo. Eu particularmente não gosto de correr; ciclista é louco por acessórios. Queremos manguito, pernito, ciclocomputador, cap, capacete, luva, óculos e muito mais. Na corrida você no máximo terá uma viseira de tactel e um relógio monitor. Por isso não me interesso muito por sair só com minhas pernas por aí.
A logística da prova de ciclismo é um pouco mais complicada, pela necessidade de uma distância maior e pelo risco aumentado de acidentes. A de domingo ocorreu em parte da Marginal Pinheiros, passando pelo cartão postal da cidade de São Paulo, a Ponte Estaiada.
Aliás, quando cheguei cedo para me preparar para largada, a primeira coisa que fiz foi subir uma das pontes do percurso e olhar a cidade de cima. A marginal vazia de carros, ver a cidade acordando com suas luzes e o amanhecer ao fundo dá uma sensação de conquista. Sentimento que acredito, compartilhado por muitos que também estavam no alto fazendo as famosas selfies, com o sorrisão no rosto.
A distância escolhida por mim foi a mais longa, usando o pensamento turco de custo benefício: eu pagaria menos por volta dada. Lá fui eu para a rua lateral do Parque do Povo, onde às 06h30, quase 1.100 ciclistas partiram, cada qual com seu desafio pessoal.
O início da prova foi muito forte. O grupo com mais força se distanciou e me encaixei dentro de um pelotão que conseguia acompanhar. O barulho das rodas, do vento sendo cortado e a proximidade das bicicletas é alucinante e assustador ao mesmo tempo, faz com que a adrenalina dispare e a atenção redobre.
Durante o percurso existiam os retornos, curvas de 180 graus desenhadas por cones. Bastava o pelotão chegar ali -vale dizer que não era um dos lugares dos mais amáveis, caso você precisasse entrar não tinha uma recepção das mais calorosas, ainda mais se não tivesse usando a Jersey da equipe. Mas voltando a curva… – que os ciclistas entravam na curva e uns 3 ou 4 já ficavam no guard rail. Habilitei o Mode Cauteloso pra caramba, afim de evitar terminar a prova deitado.
Aprendi algumas lições durante o percurso, pois alguns líderes dos times gritavam instruções para os outros. Um deles falou sobre a retomada após a curva do retorno; seria preciso sair forte, pois era nessa desaceleração que o corpo acabava se rendendo e perdendo a cadência.
Na última volta, em uma dessas saídas, acabei perdendo o pelotão que se distanciou e virei um náufrago na marginal. Foi nesse momento, com quase 75 km rodados, que consegui pegar minha caramanhola e beber um gole de água, pois sei que não tenho habilidade para trocar de marchar, andar no pelote, respirar e tomar água ao mesmo tempo.
Cruzei a linha de chegada com 2 horas e 1 minuto, busquei minha medalha e fui para casa colocar o pijama e acordar com a família.
A impressão final foi de uma prova organizada. Tiveram sim problemas com horário, pois precisavam abrir a marginal e quem foi um pouco mais lento não teve tempo de concluir, mas no geral teve muito mais coisas positivas. Tomará que aconteçam mais eventos como esse, nossa cidade merece!