Recife ganha 1º ônibus que leva bike, mas plano cicloviário ainda não saiu do papel
A realidade de Roderick e de tantos outros ciclistas que pedalam em Recife, é refletida na medição do uso das bicicletas compartilhadas da cidade, que vem caindo há três anos
No dia 21 de agosto, Recife passou a contar com seu primeiro ônibus adaptado para transportar bicicletas. O veículo da linha 2410 – Parque Capibaribe/Terminal Integrado do TIP, reversa seu espaço traseiro para acomodar até seis bikes. O passageiro que embarcar com uma bicicleta, deve fazer isso pela porta traseira. E após prender a bike em um dos suportes disponíveis, deve se dirigir para a frente do ônibus afim de efetuar o pagamento da passagem.
A iniciativa pioneira ainda está em fase de testes na capital pernambucana, é uma ideia da própria empresa responsável pelo veículo, contanto com o apoio institucional do governo. Por enquanto, o único veículo só embarca bicicletas aos domingos, realizando um percurso bastante limitado, que leva os passageiros do centro para as proximidades da Arena Pernambuco, onde o Governo do Estado promove atividades aos finais de semana para estimular o uso do espaço pouco funcional.
Para Roderick Jordão, representante da Ameciclo (Associação Metropolitana de Ciclistas do Grande Recife), a iniciativa é positiva, mas ainda bastante limitada. “Os ciclistas só podem embarcar aos domingos, assim como algumas ciclofaixas da cidade só funcionam aos domingos. Isso deixa a bicicleta no âmbito do lazer, excluindo sua função como modal do dia a dia.”
Roderick também citou alguns números referentes à mobilidade da cidade, que até hoje não tirou do papel o plano cicloviário assinado em 2014 para incentivar o uso da bicicleta. “O Recife possui cerca de 1,6 milhões de habitantes. A infraestrutura para todas essas pessoas se locomoverem conta com 2.500 Km de vias para carros e menos de 40 Km de ciclovias e ciclofaixas, sendo que essas estão desmanteladas, não se conectam entre si.”
Para tornar o exemplo mais concreto, Roderick compartilha a situação do seu percurso diário, que dos 8 Km pedalados, apenas um é feito em ciclovias. A realidade de Roderick e de tantos outros ciclistas que pedalam em Recife, é refletida na medição do uso das bicicletas compartilhadas da cidade, que vem caindo há três anos. “As pessoas acabam não alugando as bikes por não terem estrutura segura para pedalar.”, conclui Roderick Jordão.