Cicloturismo: Um pedal por Holambra cheio de lama e diversão
O clima é uma variável incontrolável e não é ele que fará eu ficar em casa longe da bicicleta
Se o cinza me assustasse, eu teria perdido muitos momentos divertidos, lugares lindos e tantas histórias para contar. O clima é uma variável incontrolável e não é ele que fará eu ficar em casa longe da bicicleta. Aliás, pedalar na chuva é muito bom, o cheiro do verde molhado e a água refrescando o corpo. Está certo que levaremos um pouco (bastante) de lama para casa.
Holambra é uma microrregião de Campinas, localizado a 130 km da capital paulista. Fundada por holandeses que chegaram para fazer os famosos laticínios por aqui, o clima não ajudou e partiram para o cultivo de flores, o que a tornou-a conhecida como a Cidade das Flores.
A Expoflora, que começara nesta sexta feira dia 26 de agosto, é a maior festa de flores e plantas da América Latina e também a manifestação de toda cultura holandesa. Hoje, a feira representa 80% da exportação do setor, e a cidade é responsável por 40% de toda produção nacional.
O monumento da cidade é um moinho no portal de entrada. Com 38,5 metros de altura, é uma réplica fiel ao tradicional holandês, construído pelo arquiteto Jan Heidrja. As pás de 12 metros de comprimento movimentam duas pedras de basalto vulcânico que pesam 1 tonelada cada, usadas na função original de moer grãos.
Para quem quer pedalar por lá, o ponto de partida da trilha é o Rancho da Cachaça, onde a proprietária Kátia nos recebeu com muito carinho e o fogão a lenha aquecendo um café no bule e dezenas de bolinhos de chuva para acompanhar. Imperdível antes do pedal!
O circuito é misto, asfalto e terra. Seguimos aproximadamente 7 km até entrar na terra, de coloração avermelhada pela chuva do dia anterior. Passamos por grandes canaviais, a subida do Cristo e terrenos amplos que permitiam ao olhar ir longe. Próximo a metade do percurso, entramos no local mais bacana; uma floresta de Eucaliptos com a trilha bem no meio deles, o frescor e o aroma característico nos acompanharam por algum tempo.
As vibrantes cores passam a nos acompanhar a partir do quilômetro 30, dezenas de canários da terra pousados acima de árvores repletas de flores, até as placas da cidade tem o símbolo da flor; nos lembrando sempre para olhar para os lados.
No final do trajeto chegamos ao portal da cidade. Tiramos algumas fotos no moinho e passamos pelo lago principal e pelo centro, onde já montavam a feira para receber os quase 300.000 visitantes que chegarão a Holambra.
Em um total de 45 quilômetros, com pouca altimetria, é uma trilha ideal para quem quer contemplar e seguir pedalando sem pressa de chegar. Levamos quase 5 horas, pedalando, observando e fotografando, até chegar novamente ao Rancho.
O almoço caseiro servido com a chuva fina caindo ao fundo e a certeza que fizemos a escolha certa de não se assustar com o tempo fechado. Recuperados, voltamos com fubá e geleia caseira que são vendidos e produzidos lá mesmo e com a pergunta que os proprietários se fizeram, quando mudaram totalmente de vida: quanto eu preciso para ser feliz?