Guia Rio-2016: tudo o que você precisa saber sobre o ciclismo
Saiba como acompanhar as provas e fique ligado em quem são os favoritos...
Os Jogos Olímpicos estão prestes a começar e nenhum fã de ciclismo quer perder os detalhes das quatro categorias que fazem parte da Rio-2016. Apesar da pequena tradição no Brasil, o ciclismo é uma das modalidades mais ‘rentáveis’ em termos de medalhas no maior evento esportivo do planeta.
Nos 13 dias com presença da bike nas Olimpíadas, serão distribuídas 54 medalhas, sendo 18 de ouro. Saiba como acompanhar as provas e fique ligado em quem são os favoritos:
Ciclismo de Pista
Local: Velódromo Olímpico do Rio – Barra da Tijuca
Data: 11 a 16 de agosto
Medalhas de ouro em disputa: 10
Horários: tarde/noite, a partir de 16h
A modalidade: Disputado em Velódromo de madeira e pista oval de 250m, o ciclismo de pista coloca atletas fazendo força em bicicletas de roda fixa, sem marchas. Os eventos são divididos em cinco categorias: Velocidade, em que os ciclistas largam bem devagar em confronto ‘um contra um’ e estratégia é fundamental; Velocidade por equipes, com três ciclistas por equipe e três voltas; Keirin, disciplina em que uma bike elétrica puxa o pelotão com velocidade crescente até soltá-los para a disputa nas duas voltas finais; Perseguição por equipes, em que times de quatro atletas se enfrentam em corrida de 4km (homens) e 3km (mulheres); e Ominium, espécie de decatlon do ciclismo, com seis provas diferentes ao longo de dois dias e vitória por pontuação.
Favoritos: Liderada pelo experiente Bradley Wiggins, a Grã-Bretanha tem a expectativa de repetir Londres-12 e abocanhar boa parte dos ouros, com destaque para Laura Trott e o atleta mais famoso do “team GB” na atualidade, Mark Cavendish. Além deles, ciclistas da Alemanha e da Austrália também aparecem entre os mais cotados, casos da veterana Anna Meares (Aus) e da jovem Kristina Vogel (Ale).
O colombiano Fernando Gaviria chega com moral após a medalha de ouro no Mundial de Pista, em março, e é o cara a ser visto na Ominium.
Diferente do que aconteceu nos últimos Jogos, quando os britânicos ficaram com 70% dos ouros, a tendência é que haja uma maior divisão entre países desta vez. No último Mundial da modalidade, oito nações de quatro continentes diferentes ficaram com as 10 medalhas de ouro.
Brasileiro na briga: Após 24 anos fora, o Brasil volta a ter um representante no Velódromo. O cearense Gideoni Monteiro corre por fora na disputa da categoria Ominium. O brasileiro que pedala pela equipe Memorial/Santos tem um histórico de superação, tendo deixado para trás recentemente a morte do pai e um atropelamento que quase encurtou sua carreira. Gideoni conquistou a vaga na Rio-2016 por méritos e não por sermos país-sede. Assista à matéria especial de Gideoni.
Gideoni Monteiro leva o Brasil de volta ao Velódromo após 24 anos fora
Curiosidade: O ciclismo de pista esteve presente em quase todas as edições dos Jogos Olímpicos – ficou de fora apenas em 1912, quando os organizadores de Estocolmo não conseguiram construir um velódromo a tempo.
Você sabia? No Rio, o palco da modalidade foi a obra mais atrasada e a última a ser entregue. Apesar das dúvidas e até o evento-teste ter sido cancelado, os ingressos para o Velódromo estiveram entre os mais procurados pelos torcedores e foram esgotados rapidamente.
Ciclismo de Estrada
Local: Pontal e Forte de Copacabana
Data: 6, 7 e 10 de agosto
Medalhas de ouro em disputa: 4
Horários: manhã/tarde, entre 9h30 e 16h
A modalidade: Os ciclistas mais bem pagos do mundo fazem força em nome do sonho olímpico numa modalidade que parece individual, mas precisa de muita estratégia e jogo de equipe. Com bicicletas leves, pneus finos e disputa no asfalto, o ciclismo de estrada foi o responsável por tornar o esporte em duas rodas famoso em diversos cantos do mundo. Como quatro medalhas de ouro em jogo, são dois tipos de evento: a disputa tradicional em estrada com 256km para homens e 130km para mulheres, além de uma disputa em contrarrelógio, no dia 10 de agosto.
Favoritos: Com ausências importantes como o colombiano Nairo Quintana e o espanhol Alberto Contador, os olhos de todos recaem sobre Chris Froome, tricampeão do Tour de France no mês passado. Como a competição mais importante do mundo acaba de acontecer, a forma física do britânico pode abrir chances para outros fortes concorrentes, como o italiano Vincenzo Nibali e o espanhoi Alejandro Valverde.
As holandesas Marianne Vos e Anna van der Breggen são aquelas com mais chances entre as mulheres.
Brasileiros na briga: Destaque da equipe de São José dos Campos-SP, Kléber Ramos foi o escolhido para representar o Brasil na estrada. O Bozó, como é conhecido, estará no pelotão ao lado do experiente Murilo Fischer, principal nome do esporte brasileiro nos últimos anos. Importante componente da equipe francesa Fdj nas provas mais relevantes do mundo, Fischer deve se despedir das pistas ao final da temporada.
A equipe feminina do Brasil é composta Clemilda Fernandes, campeã brasileira que parte para a terceira participação em Jogos, e Flávia Oliveira, que tem se destacado internacionalmente. A carioca acaba de sagrar-se vice-campeã do Tour da Polônia e, ano passado, conquistou a camisa de montanha no Giro Rosa, o Giro d’Italia feminino.
Curiosidade: O trajeto da Rio-2016 é considerado por atletas e especialistas como o mais difícil dos últimos 20 anos nas Olimpíadas. Ao todo, são mais de 4 mil metros de subidas acumuladas, passando pela Serra de Grumari e a subida até a Vista Chinesa. Com tantas montanhas, nomes de destaque no circuito mundial desistiram de participar da corrida e alguns até trocaram de modalidade, como Mark Cavendish, que foi para a pista, e Peter Sagan, que vai correr no MTB.
Ciclismo BMX
Local: Centro Olímpico de BMX – Deodoro
Data: entre 17 e 19 de agosto
Medalhas de ouro em disputa: 2
Horários: tarde, entre 13h30 e 15h45
A modalidade: A mais veloz das subdivisões do BMX leva um gostinho dos esportes radicais para os Jogos Olímpicos de Verão. No BMX Supercross, os atletas brigam por espaço numa pista de 400m cheia de curvas e rampas onde vence, é claro, quem chegar primeiro, mas fazer uma boa largada é fundamental. Ciclistas disputam baterias eliminatórias, quartas, semi e finais nos três dias de competição.
Favoritos: Apesar de ter caído no ranking nos últimos anos, o letão Maris Strombergs foi ouro nas duas únicas vezes em que o BMX esteve nas Olimpíadas e se mostrou em ótima forma no mundial, quando ficou em primeiro lugar. Na ponta do ranking da UCI, o holandês Niek Kiemmann aparece como o grande nome da prova, mas o norte-americano Nicholas Long também está em busca do ouro. Entre as mulheres, a colombiana Mariana Pajón é atual campeã olímpica, líder do ranking mundial e favorita ao bi no Rio. Veja entrevista exclusiva da fera ao Bike é Legal!
Brasileiros na briga: Entre todas as disciplinas do ciclismo, Renato Rezende é o brasileiro com mais chances reais de conseguir a inédita medalha para o país na modalidade em duas rodas.
No feminino, Priscilla Steveaux também sonha com um lugar entre as melhores atletas do mundo e quer dar mais visibilidade às mulheres do Brasil no esporte. Conheça a história dela!
Curiosidade: O BMX Supercross é o caçula do ciclismo nas Olímpiadas. A modalidade passou a fazer parte dos Jogos há apenas oito anos, em Pequim.
Ciclismo Mountain Bike
Local: Centro de Mountain Bike – Deodoro
Data: 20 e 21 de agosto
Medalhas de ouro em disputa: 2
Horários: Tarde, entre 12h30 e 14h30
A modalidade: Técnica para vencer os obstáculos naturais e resistência para segurar o ritmo durante mais de 1h30 nos 4,85km de circuito. Presente nos jogos em sua categoria mais completa, o Cross-Country, o mountain bike alia o esforço da pedalada com a necessidade de um grande controle de “pilotagem” em cima da bicicleta. Terra batida, pedras, troncos e algumas duras subidas estarão no caminho dos atletas na pista de Deodoro, que foi elogiada nos eventos-testes.
Favoritos: Os torcedores que acompanharem a prova em Deodoro devem ver uma disputa alucinante entre os dois grandes nomes da atualidade. Duas vezes campeão olímpico, o francês Julien Absalon quer esquecer o pneu furado que o afastou do sonho do tri em Londres-12, enquanto Nino Schurter se apoia nos resultados recentes para chegar ao ouro no Rio – o suiço ganhou quatro dos últimos cinco mundiais de MTB. No feminino, a dinamarquesa Annika Langvad é a favorita.
Brasileiros na briga: O carioca Henrique Avancini foi o grande responsável pela equipe do Brasil ter conseguido uma inédita segunda vaga entre os homens. Com grandes resultados no exterior, Avancini pode ser a surpresa brasileira no pódio e corre o lado de Rubinho Valeriano, que parte para sua terceira participação em Jogos Olímpicos.
Além da dupla, Raíza Goulão também busca colocações inéditas para o MTB feminino do país. A goiana quer terminar a prova entre as 15 melhores no Rio.
Curiosidade: O sonho de disputar as Olimpíadas faz atletas saírem um bocado da zona de conforto. Um grande exemplo no ciclismo é Peter Sagan, que vai competir no MTB no Rio de Janeiro. Atual campeão mundial no ciclismo de estrada, o eslovaco visitou o Brasil no ano passado para conhecer o trajeto e se decepcionou. Com muita montanha, a prova de estrada seria muito dura para um ciclista com suas características – Sagan geralmente briga por sprints e foi dono da camisa verde (líder por pontos) do Tour de France nos últimos cinco anos. Sagan começou a pedalar competitivamente no MTB e diz que prefere pedalar nas trilhas do que no asfalto.