SP: Ciclistas mortos em estradas escancaram falta de diálogo do governo do estado
Depois da mais recente morte do ciclista Dorgival Francisco de Souza, diversas associações de ciclistas estão se mobilizando para enfim conseguir uma audiência com o Governo do Estado de São Paulo
Para além das terríveis mortes de ciclistas que acontecem nas rodovias e estradas de todo o Estado de São Paulo, são inúmeros os casos de descumprimento da lei por parte das concessionárias. O direito de ir e vir garantido a todo cidadão é constantemente usurpado pelas empresas que administram essas vias e o Governo do Estado se mantêm ausente nas discussões por uma maior democratização desses espaços.
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Depois da mais recente morte do ciclista Dorgival Francisco de Souza, que teve seu braço decepado por um motorista que dirigia em alta velocidade pelo acostamento da Rodovia dos Imigrantes na noite do último domingo (03), diversas associações de ciclistas estão se mobilizando para enfim conseguir uma audiência com o Governo do Estado de São Paulo.
“Nós queremos discutir um canal de diálogo com o governo do estado, onde as nossas pautas como segurança e acessibilidade das estradas e rodovias sejam ouvidas. Sem o apoio do poder público nós somos ignorados pelas empresas.”, comenta Daniel Guth, Diretor de Participação da Associação de Ciclistas Urbanos de São Paulo.
Segundo Guth, o Secretário Estadual de Transportes Alberto José Macedo Filho vem sendo contatado desde o começo da semana e até agora nenhum retorno com possibilidades de agendamento foi dado. “Não há nenhum tipo de canal de diálogo com a população. Esse é um momento de ação, um momento de pressionar o governo para que nossas pautas sejam discutidas de forma séria.”, afirma Daniel.
Para além dos problemas enfrentados por ciclistas, toda uma população que depende das estradas e rodovias para sair de suas áreas de moradia e chegar as cidades está marginalizada com a atual política que ignora os direitos garantidos de acesso nessas vias. “Questões como transporte metropolitano e intermodalidade também precisam ser discutidas com o governo.”, finaliza Daniel Guth.
Uma série de questões já estão sendo pensadas para serem levadas a Secretária Estadual de Transportes, assim que houver uma resposta por parte do órgão público. Confira abaixo:
“ 1)Por que algumas concessionárias ainda insistem em proibir a circulação de ciclistas em determinados trechos, mesmo quando o Código de Trânsito Brasileiro garante a circulação?
2) Desde 1976 – e reforçado em nova legislação em 1998 – o Estado é obrigado a implementar infraestrutura cicloviária em todas as construções de estradas e rodovias. Isto nunca foi feito. Por quê? Pensando na preservação das vidas e em uma reparação histórica, qual o plano do Governo do Estado para mitigar e solucionar esta dívida e este descumprimento à legislação?
3) O Estado recebe, das concessionárias, um percentual da cobrança dos pedágios por mês. Por que este recurso não é utilizado para a implantação de infraestrutura cicloviária?
4) Qual o plano de ação do Governo do Estado perante a Década de Segurança Viária da ONU, adotada pelo Brasil, que estabelece a redução de pelo menos 50% de mortes no trânsito até 2020? “