Dica de pedal: Mountain Bike e diversão na selvagem ‘Trilha da Petrobras’, em SP
Uma das trilhas mais clássicas do mountain bike paulista, a Trilha da Petrobrás. Um pedal muito desafiador, com belíssimas paisagens.
Fiz uma das trilhas mais clássicas do mountain bike paulista, a Trilha da Petrobrás, Estrada do Sol ou Descida da Petrobrás, esse último só para animar aquele que está na dúvida entre ir ou não, e que com certeza irá questionar o porquê da palavra descida, durante pelo menos 50 km.
Partimos com destino a cidade de Salesópolis, distante 110 km da capital. Com quase duas horas de viagem, cruzamos o portal e nos dividimos entre as duas padarias, para os preparativos finais e início da aventura. O destino seria Caraguatatuba, cidade do litoral norte paulista, e para isso, cruzaríamos o coração da Serra do Mar.
Nas pesquisas feitas antes da viagem, que aliás me assustaram bastante, todas alertavam pela falta de qualquer tipo de recurso durante o trajeto, seja para hidratação, alimentação, socorro, ou o que fosse. Com esse cenário, decidimos fazer contato com quem fazia apoio na região, achamos o Roberto da Tietê Turismo, uma pick up, com alimentos, água e kit de primeiros socorros nos acompanharia até o banho de mar da chegada.
Seguimos da padaria pelo asfalto até a Igreja Matriz, em frente ao restaurante Nhá Luz, entramos a direita onde efetivamente começava o desafio. Logo no início com 10km, tivemos a surpresa da nascente do Tietê, mais adiante, já com boas subidas, um lindo vale e a obrigatória parada na Pedra do Mirante, onde dizem que é possível avistar o mar. Esse local possui algumas antenas visíveis até de Ilhabela, foi o ponto mais alto que chegamos com 1223 metros, até então céu azul e aquele sol de inverno que brilha mas não esquenta tanto.
Começamos a descer, e logo a direita uma entradinha para uma das melhores paisagens, uma linda montanha entre as nuvens, ideal para fotos, água e ganhar um fôlego para continuar, sempre atento ao horário.
Quando entramos dentro da Mata Atlântica, com a vegetação mais densa e fechada, o clima mudou instantaneamente, o sol desapareceu e uma neblina forte passou a nos acompanhar, uma garoa começou a cair. Parecia que estavam acrescentando níveis de dificuldades, não basta ser subida, tem que ter pedra, escorregar, ter pouca visibilidade e ocasionalmente valetas, que necessitam de atenção, pois surgem no meio de descidas velozes e técnicas.
Paramos em frente a uma Estação da Petrobrás com quase metade do caminho percorrido. Mal era possível enxergar, nos agrupamos e seguimos entre subidinhas, paredes, descidinhas e descidonas insanas, a última com quase 10km, sendo necessário parar para descansar as mãos e conseguir piscar os olhos.
A paisagem desse ponto em diante é de mata bruta, exuberante, tons diversos de verde, com uma variedade de cachoeiras, pequenos rios, pontes, vales, uma série de estímulos para os olhos que precisam se dividir entre a estrada e a paisagem.
É muito interessante que durante todo o caminho, quase não encontramos pessoas, um silêncio absoluto da natureza, a mudança de clima e de terreno, ora era estradão, ora rochas, muitas pedras, pedras soltas, pedras grandes e isso ia variando a cada quilômetro andado, o que nos obrigava a ter atenção em tempo integral.
Quando o odômetro marcou 65km tivemos o primeiro “plano” e sabíamos que estavámos chegando. Começaram os bares típicos de praia, onde encostamos para um brinde de missão cumprida. Seguimos até a Rio-Santos, local que a van nos aguardaria para voltar a SP.
Fizemos o passeio em 8 horas no total, entre parada e pedal, 75 km rodados e próximos a 1800 metros de altimetria, dificultada pelo terreno com muito cascalho e pedra. Tivemos boas subidas, mas as descidas foram o ponto alto junto com a paisagem, aconselhado para quem já tem experiência em outras trilhas.
Acabamos não tomando o banho de mar devido ao friozinho que estava fazendo, mas certamente voltaremos para atender a vontade de um participante mineiro que passou a volta toda reclamando que precisava dar um mergulho.