Bicicultura: A intermodalidade como uma forma de segurança para as mulheres
Além de professora de Estudos Urbanísticos na Universidade de Santiago, Lake é responsável por projetos de acessibilidade aplicados na capital chilena
Nessa sexta-feira (27), a professora Lake Sagaris esteve no Bicicultura para falar sobre o acesso a cidade e a inclusão de mulheres no espaço público. Além de professora de Estudos Urbanísticos na Universidade de Santiago, Lake é responsável por projetos de acessibilidade aplicados na capital chilena e toda essa sua experiência faz sua visão enxergar todos os detalhes de uma cidade de fato inclusiva.
Reynaldo Berto
Em sua fala, a também jornalista e escritora falou sobre o urgente fim da rixa entre ciclistas. “ Sejamos nós ciclistas urbanos ou ciclistas de treino, o acesso a cidade deve ser para todos e é importante que todos estejam engajados em uma cidade mais humana.”
O tema do quilômetros percorridos determinarem o modal a ser utilizado na cidade também foi posto em pauta:” Viagens entre dois e três quilômetros devem ser feitas em bicicleta ou a pé, e os percursos de até oito quilômetros podem muito bem ser feitos em transporte público.”. Lake ainda terminou sua colocação com a provocação:” Isso é bom para ciclistas? Isso é bom para todos!”.
Outro ponto levantado por Lake Sagaris e debatido em todo Bicicultura 2016 é o acesso a cidade de maneira justa e segura pelos pedestres. Segundo Lake, os pedestres são o elo mais importante de uma cidade e essa deva ser muito bem pensada para eles. Afinal, em algum momento todos somos pedestres.
Questões também foram postas a respeito da políticas de construção de ciclovias que evitam a retirada de faixa de rolamento para automóveis e preferem chegar até mesmo ao corte de árvores. “ É importante tirar vias dos automóveis. Isso evita não só a derrubada de árvores na cidade, como possibilita a construção de ciclovia de fato acessíveis a todos e não só a bicicletas convencionais.”, explica Lake.
Falando mais sobre esse poder de inclusão social que uma política urbana de aceso a todos pode significar, Lake afirmou que ciclovias são apenas linhas delimitadas e que uma cidade realmente acessível deve pensar no espaço como um todo e não apenas na sua fragmentação.
No fim de sua fala, Lake Sagaris apresentou o projeto chileno que está reeducando ciclistas e condutores de ônibus a conviver bem nas ruas da cidade. “ A intermodalidade é muito possível, o mito de que subir com uma bicicleta em um ônibus atrasa a viagem já caiu em pesquisas chilenas. E mais do que possível, a intermodalidade em um sistema de transportes de uma cidade significa segurança para as mulheres, que podem evitar ter de completar um caminho apenas de bike quando não se sentirem seguras para tal.”, afirma a professora.
Respondendo as perguntas
Quando a palestra foi aberta para questões da plateia, Lake foi questionada sobre a capacidade de mudança que nós como ativistas temos. “ Toda transformação precisa de pessoas engajadas, que lutem por uma causa e influenciem as decisões do poder público. A representatividade é um questão central no poder de transformação.”, responde Lake.
Em uma de suas respostas, Lake também falou sobre a competição desigual que temos com as peças publicitárias de grandes montadoras de automóveis. E por fim comentou que é preciso que todos se reconectem com Pachamama, a Natureza em espanhol, pois só ela dá o ritmo de desenvolvimento que verdadeiramente uma cidade pode aguentar.
Ainda não visitou o Bicicultura 2016? Aproveite que ainda tem muita coisa rolando!