As emoções e aprendizados de uma cicloviagem pela América Latina
Beto Ambrósio é um fotógrafo e ciclista apaixonado pelo mundo e por suas culturas, um verdadeiro entusiasta das grandes aventuras; o que resultou em uma cicloviagem que ele começou em 2012
Beto Ambrósio é um fotógrafo e ciclista apaixonado pelo mundo e por suas culturas, um verdadeiro entusiasta das grandes aventuras; o que resultou em uma cicloviagem que ele começou em 2012, apelidada de Vestígio de Aventura. O Bike é Legal entrou em contato com ele para saber como foi essa experiência e quais lições ele aprendeu durante a aventura.
A cicloviagem que começou em Araraquara (SP), no dia 2 de dezembro de 2012, durou 32 meses (986 dias), percorreu 25 mil km, passou por 17 países, pedalando uma média de 100 km por dia e teve diversos pneus furados. Apesar de estar exposto em sua bike, Beto não sofreu nenhum arranhão, ou assalto durante a viagem; mesmo dormindo em barraca, hospitais, escolas, igrejas, praças públicas, postos de gasolinas… O ciclista além de não se machucar, ainda teve a felicidade de ser ajudado por vários amigos, que disponibilizaram casas, comidas, banhos e até “amigos emprestados” ao longo da aventura.
“(…) Eu amo viajar de bicicleta pois ela nos abre muitas portas. As pessoas fazem questão de nos ajudar quando nos veem chegando com uma magrela toda cheia de trambolhos e bandeiras. E então, em questão de 5 minutos, estamos dentro da casa de pessoas que não conhecíamos, com um prato de comida na mesa e uma cama pronta para te hospedar, pelo tempo que for necessário. E isso nos ensina muito (…)” Relata Beto.

Vestígio de Aventura, uma cicloviagem pela América Latina / © Beto Ambrósio
O cicloviajante retornou para São Paulo em agosto de 2015 e conta que “ainda não caiu a ficha”, que foi um sonho realizado, com muitos aprendizados, muitos novos amigos, muitas emoções e uma viagem que não irá mais acabar:
“(…) é incrível sentir na pele a materialização de um sonho, principalmente quando ele é algo que desafia o que o ser humano julga ser possível(…) E então por que não fazer o que o nosso coração pede? (…) por que não se entregar e deixar o vento te carregar para onde a vida tanto quer te levar, mas que você sofrida e insistentemente diz que não? Se deixar levar, se entregar ao ¨acaso¨, confiar em Deus e no seu coração, eles não mentem, confie (…) Assim esta sendo a minha viagem, que um dia começou mas não terminará jamais (…)” Diz o aventureiro.
No primeiro dia de pedal, foi até Boa Esperança do Sul, foram 31 km na companhia de Bruno Capone e Ana Luísa Vasconcellos, amigos do ciclistas. No dia seguinte, acordou cedo e partiu para o primeiro dia de pedal solo, foram 100 km até Bauru, com muita emoção, choro, gritos e uma saudade antecipada de tudo o que deixou para traz; em oito horas de viagem e com dois pneus furados Beto chegou na cidade de Bauru (SP).
“Pronto, agora não tem mais jeito. Já estou na estrada, já estou solto no mundo, minha casa se resume aos meus pensamentos e à minha magrela. A primeira coisa que quero dizer, é que não consigo parar de pensar na alegria que sinto quando me lembro das mensagens sinceras que recebi antes da saída, das conversas, dos abraços, olhares, e principalmente do momento da despedida. Isso tudo me dá uma força inexplicável. Sei que a viagem praticamente nem começou, afinal, o que são 7 dias pra quem ainda tem mais 2,5 anos? Mas já sinto dentro de mim uma força muito grande que me move e me faz acordar feliz, algo que me diz que eu estou no caminho certo e que realmente é isso que quero pra minha vida, pelo menos nessa fase dela!” Diz Beto em um dos primeiros relatos de sua aventura (após a primeira semana da cicloviagem), trecho retirado de seus diários publicados no álbum de fotos “Todos os Diários”, no Facebook do Vestigio de Aventura.

Vestígio de Aventura, uma cicloviagem pela América Latina / © Beto Ambrósio
O ciclista fez diversas paradas para visitar amigos ao longo de sua cicloviagem, inclusive teve alguns encontros inusitados com amigos de longa data. Mas esses encontros não são feitos só com pessoas; locais, paisagens, cheiros, tudo parece ser mais intenso, quando a velocidade é baixa e a pressa não é tão grande:
“(…) Depois que comecei a viajar de bicicleta, percebi o quanto as coisas se atraem. Quando se está assim, vivendo no mundo, na estrada, ficamos mais suscetíveis a tudo, estamos expostos o tempo todo, e tudo pode acontecer. E realmente tudo acontece. Pessoas incríveis que aparecem, palavras lindas que se ouve, e infelizmente, a triste realidade que aparece nua aos nossos olhos(…) Passei 4 anos indo de carro e ônibus para Maringá, agora, estou fazendo o mesmo caminho, mas finalmente, de bike, como eu sempre quis. Em 4 dias, estou vendo tudo o que não reparei nos 4 anos. Os detalhes das casas, o cheiro do mato e das plantações, a ponte que balança quando passa caminhão, tudo o que não reparamos a 120 km/h (…)“

Vestígio de Aventura, uma cicloviagem pela América Latina / © Beto Ambrósio
Os aventureiros em geral costumam causar uma certa surpresa nos outros, com seus relatos de superação e sobrevivência; e podem ser vistos como se fossem meio loucos, ou meio mentirosos. Esse foi o caso de uma avó que hospedou o ciclista aventureiro:
“(…)A vó não acreditou muito na minha historia, disse que eu não bato bem da cabeça, mas mesmo assim me liberou um banho e colocou um kibe assado na mesa que foi um dos melhores que já comi (com todo respeito a minha família árabe)(…)” Relata Beto.
Apaixonado pela bike, ele conta que sempre usou a bike como transporte e acredita que é a melhor solução para a locomoção.
“(…) Sempre usei a bicicleta como meio de transporte, e sim, é o melhor de todos. Para saúde nem se fala, seja a nossa ou a do planeta Terra. E em muitos casos, ela vai mais rápido do que os automóveis(…)” Conclue o cicloviajante no texto que escreveu para o Bike é Legal.
Saiba mais sobre essa cicloviagem na página de Facebook e no Instagram dedicados à aventura.