A Associação Ciclocidade publicou uma entrevista que a cartunista Laerte Coutinho concedeu no último dia 12 de março de 2016.

Considerada uma das artistas mais importantes dos quadrinhos nacionais, assumiu sua transexualidade aos 57 anos, abrindo uma profunda discussão sobre a identidade de gênero no Brasil. Desde então, participou de inúmeras entrevistas militando pela causa e essa foi uma das motivações dessa entrevista, além claro da discussão sobre a mobilidade.

A conversa foi organizada pelo Grupo de Trabalho de Gênero da Ciclocidade  e foi chamada de Mobilidade por Bicicleta no Mês Internacional da Mulher. Laerte respondeu às mulheres do GT, comentando sobre os principais desafios de mulheres (cis/trans) ao se locomover pela cidade, sobre o uso da bicicleta como um meio de transporte em São Paulo e sobre a importância da criação de políticas públicas de mobilidade para promover o uso da bike.

Leia as perguntas completas na descrição do vídeo no Vimeo.

Reprodução / vídeo de Pedro Marques

Laerte Coutinho durante o depoimento

Durante o depoimento, Laerte conta que apesar de ter comprado uma bicicleta não a utiliza diariamente por causa de um “menisco fragilizado”. Para a segunda pergunta (desafios das mulheres (cis/trans) na locomoção); a resposta da cartunista remete aos assédios e agressões que as mulheres ainda sofrem de muitas formas: “a circulação das mulheres (cis/trans) é bem problemática em uma cidade como São Paulo. Eu acho que é um dos pontos a se trabalhar politicamente, conquistar o direito pleno do uso do espaço urbano!” diz ela concluindo a resposta.

Ao falar sobre a bicicleta como meio alternativo de transporte, sua primeira resposta é: “Total!”; explicando que essa já é uma grande tendência, que tende a aumentar e que teve uma grande ajuda das ciclovias implantadas na cidade, por salientar a necessidade de segurança para a circulação dos ciclistas. Sobre as políticas públicas para fomentar o uso da bicicleta, Laerte não só é a favor como acredita que os carros sequestraram a cidade: “Garantir um espaço de circulação pleno e amplo na cidade é uma forma da população compreender que o automóvel… não pode continuar como dono do espaço urbano, sequestrar todas as vias para si. Então ônibus, metrô, bicicleta, têm que ganhar espaço de uso em uma cidade como São Paulo”

A cartunista segue respondendo e concordando com algumas pergunas/afirmações sobre incentivo do uso das bikes para mulheres e do empoderamento que esses pedais proporcionam para elas e conclue a conversa dizendo: “gostei de conhecer esse Grupo de Trabalho de Gênero da Ciclocidade, eu acho que esse tipo de iniciativa tende a aumentar o espaço de reflexão sobre gênero e essas coisas são muito importantes nos tempos que a gente vive, que são tempos de crescimento de um pensamento conservador que é uma grande ameaça. Uma forma boa de se enfrentar isso é com Grupos de Trabalho de Gênero como o seu!” 

Depoimento РLaerte ao GT G̻nero da Ciclocidade from Associa̤̣o Ciclocidade on Vimeo.